119 gringos barrados
Desde o início da Copa do Mundo, 119 estrangeiros foram impedidos de entrar no país. Mais da metade, de acordo com balanço feito pela Polícia Federal, são norte-americanos e argentinos. Os turistas foram barrados em aeroportos e em postos de imigração na fronteira seca ou receberam um prazo para deixar o país por problemas com documentação ou por terem um perfil considerado inadequado. Além desses, alguns foram deportados por se envolverem em crimes e confusões, como a invasão dos chilenos no Maracanã.
A lista da PF inclui 27 países da Europa, das Américas, da Ásia e da África. Os Estados Unidos são o primeiro do ranking com 35 pessoas impedidas de entrar, a maioria delas por questões migratórias, como a ausência de visto. Um norte-americano não passou do aeroporto porque está incluído na base de dados de crimes sexuais. Em maio, uma portaria do Ministério da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos proibiu a entrada de estrangeiros envolvidos em denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes.
Da Argentina, foram 30 barrados – todos fazem parte de uma lista enviada pelo governo do país vizinho. "Recebemos 2,1 mil nomes de torcedores proibidos de entrar nos estádios argentinos por briga, os chamados barra-bravas", explica o chefe do Centro de Cooperação Policial Internacional, Luiz Eduardo Navajas. Além dos impedidos de entrar, dois foram identificados dentro do Mineirão, em Belo Horizonte, por policiais argentinos e notificados a deixar o país em até 72 horas. Outro foi identificado em Porto Alegre ontem. "Ele não constava na lista, mas é líder de uma torcida organizada ligada aos barra-bravas", disse o delegado. Em terceiro no ranking, 19 nigerianos ficaram sem assistir aos jogos da Copa. Outros países têm, cada um, no máximo três casos registrados.
Cada uma das 32 nações participantes do Mundial foi convidada pelo escritório da Interpol no Brasil a trazer consigo até sete policiais. "Três deles ficam fixos e quatro acompanham os jogos nos estádios com policiais federais brasileiros, já que eles não têm poder de polícia. A cooperação tem nos ajudado muito. Além do caso dos argentinos, conseguimos impedir a entrada de torcedores com faixas com mensagens de cunho racistas ou separatistas", explica Navajas.
Dos 85 chilenos que invadiram o Maracanã, no último dia 18, destruindo o Centro de Mídia, 60 deixaram o Brasil na última terça-feira. De acordo com a PF, os que insistirem em ficar serão multados em R$ 8,27 por dia e, se encontrados, serão deportados sumariamente. O prazo dado pelo governo de 72 horas para que eles saíssem acabou à 0h do domingo. Além dos chilenos, um boliviano e um colombiano também estavam envolvidos.
Confusões
Além de irregularidades na entrada, estrangeiros têm se envolvido em confusões no país. No primeiro domingo da Copa, 20 argentinos também invadiram o Maracanã. Em Belo Horizonte, outro grupo do país vizinho se envolveu em uma briga generalizada com brasileiros na Savassi. Um torcedor colombiano se feriu em uma briga em Brasília. Em Natal, um costa-riquenho foi detido acusado de exploração sexual. Ontem, dois nigerianos e dois indianos foram presos ao tentar vender ingressos acima do valor permitido. Além disso, pequenos conflitos foram registrados entre torcedores nos estádios.