A chave-mestra

19 de fevereiro de 2008 10:53

Um esquema de segurança obsoleto e amador protegia os computadores com dados sigilosos da Petrobras roubados, em janeiro, de um contêiner-escritório que estava sendo levado de uma plataforma na Bacia de Santos até a sede da multinacional Halliburton – responsável pela guarda dos equipamentos -, em Macaé. A informação é de uma fonte da Polícia Federal (PF) que participa das investigações. O policial descobriu, semana passada, que o segredo do cadeado – que mantinha o contêiner fechado – era o mesmo usado nas fechaduras que protegiam outros 40 contêineres-escritórios nas bacias de Santos, Campos e Macaé. A informação surgiu durante uma série de depoimentos tomados pela PF de Macaé.

Segundo a fonte, havia ao menos 45 chaves (todas iguais, com o mesmo segredo) capazes de abrir o contêiner espalhadas entre funcionários embarcados nas plataformas da Bacia de Santos, em rebocadores e até em terra, no município de Macaé. A medida teria sido adotada pela Halliburton e pela Petrobras com o objetivo de evitar que os contêineres ficassem fechados se alguém esquecesse, por exemplo, de levar a chave do cadeado. A Petrobras não quis comentar o assunto.

– Eles decidiram manter o mesmo cadeado, da marca Papaiz, e o mesmo segredo para todos os cadeados de todos os contêineres. É muito amadorismo no trato de informações tão importantes. E espalharam chaves iguais nas plataformas, nos rebocadores e até em terra. Todos tinham cópias – disse o policial federal.

Cadeado do contêiner foi trocado por outro da mesma marca
O furto de quatro notebooks e dois pentes de memória com informações de interesse nacional foi descoberto dia 31 de janeiro, quando um funcionário, em poder de uma das chaves, tentou abrir o cadeado do contêiner na Halliburton e não conseguiu. Só então percebeu que o cadeado havia sido trocado e o lacre, desfeito. Imediatamente, o fato foi informado à Petrobras. O contêiner foi aberto e o furto, constatado. A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) informou ontem que a perícia começou no dia 1º deste mês.

– O cadeado era da mesma marca, mas o segredo era outro. Por isso, os funcionários perceberam algo estranho. Quando o contêiner foi aberto, eles encontraram gavetas reviradas, muita bagunça e material de escritório jogado no chão. Apenas no dia seguinte o caso nos foi comunicado pela Petrobras – afirmou o policial federal.

A maior dificuldade é saber exatamente onde o furto aconteceu. O contêiner saiu da Bacia de Santos dia 18 de janeiro e chegou ao Rio dia 25. Foi levado à unidade da Petrobras em Macaé por carreta, pela transportadora Transmagno, chegando dia 30. O arrombamento foi descoberto no dia seguinte de manhã.

– Como não sabemos exatamente onde o furto ocorreu, vai ser uma investigação difícil. Praticamente estamos começando esta semana uma investigação mais profunda, já que os primeiros dias foram para ouvir depoimentos e buscar informações da rotina de funcionários e prestadores de serviço da Petrobras – disse.