A Lei Seca vai tirar férias na Copa de 2014
O delegado de Polícia Federal Jose Francisco Mallmann, ex-superintendente da PF e ex-secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, tem sido coerente no seu discurso. Autor da Operação Lei Seca, criada em 2007 no Estado e disseminada posteriormente em todo o País, ele comenta a existência de uma relação direta entre a ingestão de bebidas alcoólicas e a incidência de homicídios, acidentes de trânsito e violência doméstica, em especial contra as mulheres.
Números assustam
Os números trazidos pelo delegado à coluna são impressionantes: "Cerca de 40% dos inquéritos policiais são consequência da ingestão de bebida. No Rio Grande do Sul, 32% dos assassinos estavam alcoolizados no momento dos crimes. E 80% dos agressores, nos casos de violência contra a mulher". Outra constatação: "Quem mata não é o trânsito, mas o álcool". Mallmann defende a criação de um fundo especial para a recuperação das vítimas do álcool, a ser mantido pela indústria de bebidas alcoólicas. O álcool é a quarta droga mais nociva, perdendo apenas para a heroína, cocaína e barbitúricos. A nicotina aparece em 7 e a maconha, em 8. "O álcool é a porta de entrada para outras drogas, e não a maconha. Essa é a hipocrisia da nossa sociedade." Experiente, o delegado acredita que muitas mortes na tragédia de Santa Maria poderiam ter sido evitadas. "Muitas estavam embriagadas e perderam sua capacidade de reação." O delegado critica a postura dos deputados da Assembleia Legislativa que aprovaram a suspensão da proibição da ingestão de bebidas alcoólicas durante a Copa do Mundo de 2014. Com isso, sugere, "a Lei Seca, por decisão dos deputados, vai tirar férias durante a copa de 2014".