À procura de criminoso nazista
O governo brasileiro foi procurado por autoridades israelenses em dezembro para auxiliar nas buscas de Aribert Heim -nazista desaparecido em 1962. Ele é conhecido como “Dr. Morte”, por experiências e atrocidades cometidas em campos de concentração na Segunda Guerra Mundial. Se vivo, Heim teria 94 anos.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o Departamento de Inteligência da PF foram acionados. Os ministérios da Justiça e das Relações Exteriores acompanham o caso.
Há dois anos uma outra pista levantou dúvidas se Heim vivia no Brasil. A Folha apurou que, agora, haveria pistas sobre a sua possível localização. Segundo o Centro Simon Wiesenthal, ONG israelense que combate o nazismo, Heim poderia viver aqui ou no Uruguai.
De posse dessas pistas, o centro pediu o auxílio do governo brasileiro. Em dezembro, a embaixada israelense facilitou o contato da fundação com representantes do governo.
A equipe israelense indagou se a legislação brasileira permitia a ação de agentes de inteligência de outros países em território nacional. Ouviu de autoridades federais brasileiras que a hipótese era vedada em lei e que a Abin tinha um setor específico para evitar isso.
O Mossad, serviço de inteligência israelense, já possui um canal de troca de informações com a Abin. As instituições compartilham dados sobre a atuação de grupos e pessoas na fronteira de Brasil, Paraguai e Argentina, em Foz do Iguaçu.
O modelo serviu de base para a apuração sobre o paradeiro de Heim: arapongas brasileiros perseguiriam a pista e repassariam eventuais resultados à Embaixada de Israel.
As apurações da PF e da Abin correm sob sigilo. Procurados na sexta-feira, os órgãos não confirmaram nem mesmo a existência das investigações.
O governo brasileiro mostrou-se cético sobre a chance de localizar Heim, dada a idade avançada que teria. Mas acionou agentes policiais e de inteligência para apurar a suspeita.
A Folha apurou que as pistas fornecidas pelos israelenses não têm se confirmado, mas as investigações ainda estão em curso. A nova pista não é divulgada. Segundo uma autoridade próxima às investigações, a dica seria superficial.