A quem interessa a desmotivação e desvalorização dos servidores da Polícia Federal?
Esta Prisma chega a suas mãos, leitor, com uma preocupação latente que assombra os brasileiros e brasileiras de uns tempos para cá: a quem interessa a desmotivação e desvalorização dos servidores da PF? Certamente não à população, que reconhece na Polícia Federal um importante instrumento de combate à corrupção e à criminalidade organizada, evitando a dilapidação dos cofres públicos.
Depois de tempos áureos, durante os primeiros anos do Governo Lula, os investimentos na instituição nunca mais foram os mesmos. Ultimamente, combater o crime organizado e a corrupção não tem sido os únicos desafios diários na Polícia Federal. Para vencer a criminalidade, antes é preciso driblar os cortes no orçamento, a falta de pessoal, a capacidade operacional reduzida e a indefinição de postos estratégicos na administração.
Do jeito que as coisas andam, parece milagre a Polícia Federal ainda consiga realizar operações de vulto. Certamente, isso só tem sido possível graças à determinação e ao comprometimento daqueles que, mesmo com todas as dificuldades, não abrem mão da missão que escolheram para suas vidas: ser Policial Federal.
Com salários inferiores ao das polícias legislativas do Senado e Câmara e das polícias civis de vários estados; gratificação de chefia dez vezes menor do que a Polícia Civil do Distrito Federal; menos gratificações e chefias do que a Funai; a falta de uma estrutura administrativa adequada; a não reposição da inflação; a demora na implantação de benefícios para os policiais lotados nas fronteiras e com a iniciativa legislativa de esvaziamento da aposentadoria policial, a Polícia Federal ruma a um quadro de descontentamento generalizado.
Graças ao trabalho realizado até aqui a instituição conta com o apoio da sociedade. Espera-se, entretanto, que o Governo reconheça o que o povo brasileiro atento já o fez: a Polícia Federal é um instrumento para a promoção da cidadania, da democracia, da proteção dos direitos fundamentais e do próprio Estado Democrático de Direito. A Polícia Federal é um patrimônio de todos nós e precisa ser defendido.