Abadía usava dinheiro vivo e agia em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba
Cada núcleo mantido pelo cartel do Norte do Vale no Brasil era baseado em uma das cidades em que o megatraficante colombiano morou: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. No Paraná, seu gerente era o uruguaio Victor García Verano. No Rio Grande do Sul, as investigações da Polícia Federal apontaram que quem gerenciava os negócios da organização era o piloto brasileiro André Telles Barcellos e, em São Paulo, o cabeça do esquema era brasileiro Daniel Marostica.
O organograma do grupo foi montado pelos federais em dois anos de investigação. Por enquanto, sabe-se que Ramírez Abadía comprava uma mansão em cada cidade usada como base pelo cartel – todas semelhantes à de Aldeia da Serra, onde ele foi preso anteontem.
Em Curitiba, os federais detiveram Verano e as brasileiras Elisa Maria Freitas Guimarães e Aline Nunes Prado. Elas são suspeitas de ajudar o cartel na lavagem do dinheiro. Nas buscas na cidade foram apreendidos dois carros, computadores, documentos, jóias e celulares. Ramírez Abadía tinha em Curitiba uma mansão de R$ 2 milhões. Mas há outros imóveis. Um deles ainda ontem era oferecido por um site de classificados. O apartamento de 356 m² é vendido por R$ 650 mil. O anúncio está no nome de Aline, mas o e-mail de contato é o de Elisa.
No Rio Grande do Sul, a PF apreendeu propriedades e dinheiro. Em Guaíba, na Grande Porto Alegre, os federais obtiveram o seqüestro de uma fazenda, cuja casa tinha piscina térmica e academia de ginástica. Ali a PF apreendeu 11 revólveres, pistolas e espingardas e prendeu o caseiro, suspeito de emprestar o nome para negócios do traficante. Já numa casa do condomínio de luxo Terra Ville, em Porto Alegre, foram achados dois cofres com R$ 250 mil em reais, euros e dólares.