ABLV sugere que leite com soda pode ter sido exportado

7 de novembro de 2007 09:53

O presidente da Associação Brasileira do Leite Longa Vida (ABLV), Wellington Silveira Braga, levantou ontem, durante seminário sobre exportação de lácteos, a hipótese sobre uma eventual contaminação dos embarques. “Se o destino desse leite que estava contaminado com soda cáustica foi para um outro local que não seja o leite longa vida, pode-se correr o risco de ter ido para alguma empresa que esteja exportando, criando uma dificuldade”, disse à Agência Brasil. “Um caso isolado, podendo afetar todo o mercado internacional do Brasil”. A ABLV representa 27 indústrias, nacionais e multinacionais, além de centrais cooperativas.

A afirmação suscitou uma forte reação das indústrias exportadoras. “Os testes para as mercadorias de exportação são os mais rigorosos do país. O comprador também faz testes na chegada do produto. Jamais seria possível que isso ocorresse. Ele está delirando”, rebateu o diretor-executivo da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), Paulo Bernardes. Questionada sobre as declarações, Silveira Braga esclareceu, via assessoria, que a ação da Polícia Federal inibiu a eventual contaminação das exportações.

Em meio às acusações mútuas, industriais e produtores de leite acreditam que a crise pode até resultar em um saldo positivo no médio prazo. Desde que as fiscalizações do ministério não parem no meio do caminho e sirvam para, efetivamente, inibir a rentável fraude econômica no setor lácteo. “Isso foi um caso isolado. Tem ladrão em toda parte do mundo. Mas isso indica um caminho para a melhoria do setor”, diz Paulo Bernardes. O produto brasileiro, segundo ele, goza de “extremo respeito” aqui e no exterior e o Ministério da Agricultura utiliza as melhores ferramentas para evitar casos como o identificado em duas cooperativas de Minas Gerais.

O coordenador de Integração para Exportação do ministério, Daniel Amin Ferraz, disse, no seminário, que a situação pode realmente prejudicar as vendas externas. “Com certeza, é um problema sério. Ninguém pode imaginar que uma situação dessas vai passar de alguma forma impune e despercebida no mercado, porque não vai”.