Ação contra a pirataria

6 de setembro de 2007 11:24

A eficiente pirataria que antecipou em quase três meses a divulgação do filme Tropa de elite colocou o Ministério da Justiça em alerta. A antecedência da venda de cópias ilegais em relação à estréia do primeiro longa de ficção do diretor José Padilha (o mesmo de Ônibus 174), inicialmente prevista para novembro, e a disponibilização de parte da obra no YouTube levarão o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual a assinar, nos próximos dias, convênio com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) para operação conjunta no combate ao crime organizado da pirataria. A data da assinatura será definida assim que os termos do convênio forem ajustados. Em geral, atuaremos desde o controle do manuseio das cópias até o ato de copiar o produto ilegalmente , adianta o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que preside o conselho. As cópias de Tropa de elite, pirateadas por empregados do estúdio de legendagem antes da finalização do filme, foram apreendidas há pouco mais de duas semanas.

Segundo Luiz Paulo, a mudança mais significativa ocorrerá no intercâmbio de informações, o que permitirá uma ação mais rápida na identificação dos criminosos pelos órgãos policiais e fiscais com representação no conselho, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, polícias estaduais e Receita Federal. A ação será complementada com a intensificação das campanhas educativas para atingir diretamente o consumidores dos produtos piratas. Isso porque, segundo dados da Motion Pictures Association (MPA), que reúne os principais estúdios cinematográficos do mundo, a pirataria no mercado brasileiro está em 59%. Ou seja, de cada 10 DVDs vendidos, seis são ilegais. Um prejuízo que chega a US$ 198 milhões por ano.

O cineasta José Padilha diz que ainda não é possível avaliar o impacto que a pirataria trará à integridade artística da obra nem à bilheteria de Tropa de elite que mostra o cotidiano dos oficiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Sei apenas que devemos ter perdido bastante público, dado o sucesso da versão pirata. Na verdade, as pessoas que viram a cópia pirata viram uma obra inacabada. É como se tivessem lido o rascunho de um livro. A avaliação que tenho das pessoas, inclusive comentários que fazem para mim sem saber que dirigi o filme, me faz pensar que o tal rascunho funciona. Só me resta esperar que seja suficientemente bom para que as pessoas queiram ver o filme pronto , espera.

Várias partes do filme foram disponibilizadas na internet, no site YouTube, legendadas em inglês. Ali, há comentários de internautas que afirmam ter assistido à obra várias vezes e garantem que farão questão de assisti-la no cinema. As medidas relativas à distribuição estão sendo tomadas pelas empresas que tiveram direitos exclusivos violados, no caso a Universal Pictures. A assessoria de imprensa do Google, proprietário do YouTube, informou que, até o final da tarde de ontem, não havia recebido comunicado nem da produtora nem da polícia.

Na terceira ponta do triângulo que completa a rede de combate à pirataria, está o fator econômico, já que uma das principais motivações para o crime contra a propriedade intelectual são os baixos preços. Temos ações junto à indústria para reduzir os preços de produtos, principalmente com incentivo para o lançamento de linhas populares ou descontos para alunos e professores , explica Luiz Paulo.