Acusação é retaliação de grupo, diz Guimarães
Ele foi considerado suspeito de ter repassado informações aos acusados sobre a operação Titanic. Para Geraldo Guimarães, as críticas que ele fez no ano passado sobre a substituição da direção nacional PF motivaram as acusações. Ele declarou ainda que a nova cúpula da PF teria determinado anestesiar os principais trabalhos da corporação.
Ele afirmou que já esperava uma retaliação, mas não dessa forma, o acusando de uma coisa que declarou jamais ter feito, porque nunca teve acesso ao inquérito que estava sob responsabilidade do Departamento de Inteligência da PF no Estado.
Geraldo Guimarães explicou que recebeu em 2007 documentos que apontavam diversos crimes da família Scopel e resolveu dar início as investigações. Ele então deu o inquérito para o Núcleo apurar. No mês de setembro, de 2007, logo que a PF iria deflagrar a operação, chefe do departamento foi convocado pela Polícia Federal de Brasília a comparecer na corporação.
Após a reunião, Guimarães foi orientado que toda documentação deveria ser repassada para a Justiça Estadual por entender que o caso era de competência de investigação estadual. Foi a única explicação recebida, segundo Guimarães.
Afirmando que não sabia que a PF de Brasília estava sabendo da investigação pelo fato do caso está sob sigilo, Guimarães resolveu ir ao Ministério Público Federal repassar todas as informações que ele tinha sob o caso, por ter a certeza que o órgão não iria deixar a investigação ser abortada pela Polícia Federal.
O ex-superintendente decidiu pedir auxílio ao MPF, pois já sabia que seria substituído e o inquérito correria o risco de ser paralisado. Nessa época descobriu-se também que o MPF em conjunto com a Receita, já faziam um trabalho de investigação sobre a família Scopel.
O inquérito que investiga o vazamento de informação por parte do delegado Geraldo Guimarães aponta que ele teria repassado essas informações a membros da Maçonaria, que também faz parte. No entanto ele nega que tenha feito isso, alegando que jamais teve acesso ao inquérito. Ele disse sabia do que estava acontecendo pelas informações repassadas pelo Núcleo de Inteligência.
Revolta
Eu nunca vi esse inquérito. Ele foi instaurado e sob minha orientação o delegado pediu segredo de Justiça. Somente este delegado e o procurador da República manuseavam o inquérito. Nunca estive com ele nas mãos. Como eu poderia tirar informação das investigações. Não sou mágico. Isso é uma tentativa de acabar com minha moral. Eu esperava que a retaliação viesse, mas não sabia de que forma. Ela veio da forma mais covarde possível. Não existe morte pior do que a morte moral.”
O delegado declarou que entre todas as retaliações que está sofrendo essa é a pior. Segundo ele, depois de anos de corporação, a Polícia Federal o colocou para fazer trabalho de delegados principiantes. Atualmente ele está em Manaus realizando um trabalho de investigação contra servidores públicos. Logo que saiu do Estado ele iria assumir a Polícia Federal de Montes Claros, em Minas Gerais, no entanto, ainda não foi empossado e não há previsão de quando deixará Manaus.
Segundo o delegado responsável pela operação Titanic, Honazi de Paula Farias, as investigações não apontam a participação do ex-superintendente Geraldo Guimarães no esquema criminoso. O que está acontecendo, segundo ele, é uma investigação do Ministério Público Federal de vazamento de informações sigilosas que teriam sido repassadas por Guimarães e atrapalhado o andamento das investigações.