Acusado de tráfico morre em cela da PF

24 de março de 2008 10:29

Alves havia sido preso na última sexta, conforme a PF, prestes a mandar à Europa 1,2 tonelada de cocaína.

Segundo a PF, a função de Alves na quadrilha era administrar uma empresa de fachada de importação e exportação de álcool em gel. Ele conseguia notas fiscais e legalizava a exportação de caixas de álcool. No interior de cada embalagem do produto, porém, seguiam para o exterior pacotes de aproximadamente 22 kg de cocaína.

Alves havia sido preso na tarde da sexta-feira na sua casa em Itaquera (zona leste de SP), logo depois de a polícia estourar um galpão em Itatiba (a 84 km de São Paulo), onde a droga era manipulada.

Ele foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, na Lapa (zona oeste de SP), e colocado sozinho em uma cela de transição -onde permaneceria por dois dias antes de ser integrado aos demais presos.

De acordo com o delegado Humberto Prisco, porta-voz da PF, o acusado cometeu suicídio usando uma faca de plástico -fornecida pela polícia com a quentinha do almoço- para perfurar uma artéria na região do pescoço.

O suposto suicídio teria acontecido por volta das 16h de sábado. O detento foi levado para o pronto-socorro do Hospital Sorocabana, na Vila Romana (zona oeste de SP), onde deu entrada às 16h30 e morreu às 16h50, segundo a polícia.

A causa da morte foi “hemorragia externa aguda traumática”, causada por três ferimentos, segundo a Polícia Civil. Exames periciais da PF e da Polícia Civil devem determinar se a faca de plástico foi realmente usada pelo suspeito. Segundo a PF, a faca não se quebrou quando supostamente usada por Alves para se cortar.

Os familiares do suspeito foram procurados, mas não falaram com a reportagem.
Horas antes de morrer, Alves recebeu uma visita do irmão na carceragem. Uma das hipóteses da PF para o possível suicídio é a de que o suspeito não tenha suportado a pressão de estar preso pela primeira vez.

Outra possibilidade é que ele tenha tirado a própria vida com medo de seus superiores na quadrilha, que poderiam matá-lo ou aos seus familiares. Alves era casado e tinha um filho de oito anos e uma menina de sete.

A quadrilha usava o Brasil como um entreposto para trazer cocaína da Colômbia ou da Bolívia dentro de baterias de caminhão e depois exportar a droga em caixas de álcool em gel de navio para a Europa.

No galpão encontrado pela PF em Itatiba foram presos dois comparsas de Alves, os surinameses Marrpersad Jhingoeri e Mahinderparkash Chuttoo. Eles não estavam na mesma cela que Alves.