Administração de Dourados (MS) é afetada após prisões de governantes
A prefeitura e a Câmara de Vereadores de Dourados (MS) abriram nesta quinta-feira (2) mesmo sem o prefeito, o vice-prefeito, nove vereadores e quatro secretários. Eles estão entre os 28 presos nesta quarta-feira (1) pela Operação Uragano, da Polícia Federal.
Todos os presos prestaram depoimento ainda na quarta-feira e, à noite, foram transferidos para presídios em Campo Grande, capital do estado, aproximadamente a 220km de Dourados. De acordo com a PF, o motivo da transferência foi o espaço em presídios.
A assessoria da prefeitura informou que aos processos de contratações e licitações foram paralisados, assim como os despachos de documentos. Alguns compromissos, por exemplo, de secretários foram cancelados.
Ainda segundo a assessoria, as secretaria e os serviços essenciais – como saúde e educação – continuam sendo prestados normalmente, apesar de os governantes estarem presos e em outra cidade. As obras já contratadas não foram afetadas pela crise, de acordo com a assessoria.
Prefeito
O prefeito, Ari Artuzi, e a primeira-dama, Maria Freitas Artuzi, negam as acusações de envolvimento no suposto esquema de corrupção da cidade, disse ao G1 o advogado Carlos Marques.
“Ele [prefeito] me informou veementemente que nega qualquer participação em qualquer ilícito. Não viu os vídeos, mas nega. Não tem ideia de onde foram obtidos, mas com certeza tem uma explicação”, alegou a defesa.
O advogado afirmou que Artuzi ficou surpreso com a acusação e prisão. Ao advogado, o prefeito também disse que ficou “chocadíssimo” com a atitude do secretário de governo, Eleandro Passaia, que delatou todo o suposto esquema. “Passaia almoçava e jantava com freqüência na casa dele [do prefeito]. Era de confiança absoluta. Ele [prefeito] está chocadíssimo com isso”.
O advogado do casal também revelou que não entrará com pedido de habeas corpus. “Vamos esperar o prazo de cinco dias que o juiz determinou. Se prorrogar [a prisão], tomaremos providências”, completou.
O prefeito evitará fazer despachos ou tomar decisões na prisão, disse o advogado. Segundo ele, Artuzi, que continua no cargo, não quer submeter a população de Dourados a uma humilhação que é o prefeito governar de uma prisão, mas – se tiver que tomar alguma medida de urgência – ele fará. “Até esse momento não entraram em contato com o profeito. Não precisou de nada”, completa.
Câmara de Vereadores
A Câmara dos Vereadores também abriu as portas nesta quinta-feira (2), um dia após as prisões, mesmo com nove dos 12 vereadores presos. A assessora da vereadora Délia Godoy Razuk, Nádia Etiene, compareceu no trabalho e contou ao G1 que o clima estava bem estranho, “um silêncio total”. A vereadora Délia não está entre os acusados de envolvimento no esquema. “Eles [servidores de outros vereadores] olham para nós como se fossemos et’s”, disse a assessora.
A próxima sessão da Câmara prevista para quinta (9) pode ser afetada caso os vereadores continuem presos. As sessões normalmente ocorrem nas segundas-feiras, mas – por causa do feriado de 7 de setembro – foi prorrogado para quinta.
Nesta quinta (2), quatro vereadores estavam trabalhando. Délia, Dirceu Aparecido Longhi e Gino José Ferreira, que não estavam na lista de mandados de prisão. O vereador Paulo Henrique “Bambu”, que está preso, pediu afastamento justificado. No seu lugar assumiu o suplente Idenor Machado, que continua no cargo.
Ferreira foi convocado a depor pela Polícia Federal nesta quarta (1). Ele negou qualquer envolvimento no caso e disse que não tinha conhecimento concreto do esquema. Questionado se percebeu algo de errado na CPI da Saúde que investiga o prefeito e que, segundo o delator do esquema, seria o motivo do pagamento do “mensalinho”, o vereador alegou que não fazia parte da CPI.
O vereador também informou ao G1 que, se os vereadores não voltarem ao trabalho na próxima quinta, a sessão ficará prejudicada. “Com um terço da casa podemos abrir a sessão, mas não podemos votar nada porque tem que ter pelo menos seis votos. Aqui só tem quatro.”
Rumos da investigação
A Polícia Federal afirmou que continua a investigar o chamado “mensalinho” de Dourados. O trabalho consiste em analisar documentos apreendidos durante as prisões desta quarta-feira (1), juntamente com os depoimentos colhidos no mesmo dia.
Entre os presos estão o prefeito, a primeira-dama, o vice-prefeito, o presidente da Câmara, mais nove vereadores, o advogado geral do município, mais quatro secretários municipais, um assessor do prefeito, o diretor de departamento de licitações, o gestor de compras da prefeitura e empresários da região.
O esquema
De acordo com a PF, o esquema é semelhante ao “mensalão”, pois consistia em pagar os vereadores da situação e da oposição propina para impedir que a CPI que investigava o prefeito, suposto “chefe” do esquema, fosse concluída. Além disso, as licitações seriam direcionadas para empresas que financiavam as propinas mensais, compras de bens pessoais do prefeito e campanhas eleitorais.
"Os acordos fechados com as empresas escolhidas ilicitamente rendiam 10% do valor do contrato. Os valores arrecadados serviam para o pagamento de diversos vereadores de Dourados (da situação e da oposição), para caixa de campanha e compra de bens pessoais do prefeito", informou a polícia em nota.
De acordo com a PF, o esquema é semelhante ao “mensalão”, pois consistia em pagar os vereadores da situação e da oposição propina para impedir que a CPI que investigava o prefeito, suposto “chefe” do esquema, fosse concluída. Além disso, as licitações seriam direcionadas para empresas que financiavam as propinas mensais, compras de bens pessoais do prefeito e campanhas eleitorais.
"Os acordos fechados com as empresas escolhidas ilicitamente rendiam 10% do valor do contrato. Os valores arrecadados serviam para o pagamento de diversos vereadores de Dourados (da situação e da oposição), para caixa de campanha e compra de bens pessoais do prefeito", informou a polícia em nota.
Fonte: G1