ADPF divulga carta aberta aos policiais federais
Prezados e prezadas,
Sabemos das dificuldades particulares e, igualmente graves, que todos os cidadãos brasileiros vêm passando nessa que se mostrou a pior crise sanitária da história do país. Contudo, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), preocupada com seus associados e solidária a todos os profissionais de segurança pública, vê a necessidade de vir a público indagar das autoridades competentes sobre o cuidado que será dado a milhares de brasileiros que atuam na linha de frente da sociedade desde o início dos contágios. Quando os integrantes das forças de segurança pública serão vacinados?
Não se trata aqui de pedido de inclusão na lista de prioridades. As forças de segurança já estão numa lista, por exercerem atividade de risco, ininterrupta e essencial.
O problema central não é a fila – embora haja uma previsão absurda para vacinar presos antes dos policiais -, o problema é que a fila não anda. Enquanto isso, o Brasil se torna epicentro da pandemia, cada dia morrem mais pessoas, surgem novas cepas, há ameaças inclusive de isolamento do resto do mundo e risco de sanções vindas de outros países que já conseguem ver o final desse pesadelo no horizonte.
E o policial nesse contexto? Trabalhando em qualquer que seja a cor da onda na classificação vigente da pandemia. Cumprindo o seu juramento: proteger o cidadão com a própria vida se necessário for. A Polícia Federal deflagrou seis mil oitocentos e oitenta operações no ano passado. Muitas delas para coibir desvios de verbas públicas destinadas ao combate da Covid-19. Foram recuperados nove bilhões e seiscentos milhões de reais em bens e valores apreendidos.
Mas será que era mesmo necessário estar em março de 2021 sem ainda data de vacinação? Policial tem família também. A família do policial sempre soube que um dia ele poderia não voltar. Mas, ela quer ter a firme esperança de que ele voltará sempre. Hoje, com as faixas de risco ampliadas pelas novas cepas e com recordes superados todos os dias de contaminações e mortes, essa esperança vem conectada com várias preocupações.
Será que ele ou ela vai voltar saudável? Se houver contaminação, será que terá complicações? Se houver complicações, será que vai resistir? Se resistir, será que terá sequelas? Se ficar inválido, será aposentado com valores bem menores do que recebia quando estava saudável. Se não resistir, a família ainda terá que provar que o falecimento foi decorrente de contaminação durante o trabalho, o que nem sempre é possível, para que tenha direito a uma pensão digna.
Os policiais são essenciais para a sociedade, e também para as suas famílias, em que quase sempre são os provedores ou provedoras. Então reitera-se a pergunta: Quando as forças de segurança serão vacinadas? Quando a população brasileira poderá ver também um horizonte mais promissor? Esperamos que logo essas perguntas sejam respondidas e as medidas necessárias sejam tomadas.
Brasília, 19 de março de 2021
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF