ADPF marca presença em evento sobre segurança pública, no Rio de Janeiro
O presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, esteve presente, nesta quinta-feira, 20, no Congresso do Instituto Brasileiro de Segurança Pública – IBSP 5 anos, realizado no Auditório do Palácio Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro.
O evento contou com uma programação de palestras sobre diversos temas ligados à segurança pública. Entre elas, “Gargalos, avanços e metas interinstitucionais na gestão da futura Segurança Pública”, assunto abordado pelo presidente da ADPF, durante o evento.
Luciano Leiro falou da importância de se proteger e valorizar os servidores da Polícia Federal e das demais forças policiais do País. Segundo ele, os delegados federais têm hoje a carreira menos valorizada dentre as carreiras jurídicas, em todas as esferas da persecução penal. Em muitos estados, inclusive, existem salários maiores que os da PF, cita o delegado.
A questão legislativa também fez parte das discussões. Vários painelistas ressaltaram a necessidade de aprovação das leis orgânicas, uma vez que já se encontram no Ministério da Justiça as leis das polícias civis e militares, não havendo razão para que não sejam enviadas ao Congresso Nacional. Leiro também citou a alteração do Estatuto da OAB, referente a buscas realizadas em escritórios de advocacia. Segundo ele, estas mudanças poderão dificultar o trabalho de investigação, criando obstáculos operacionais e de segurança jurídica.
O delegado apresentou ainda dados oficiais que demonstram que as ações da PF têm retornado cerca de R$ 43 bilhões, todo ano, para os cofres públicos. Segundo Leiro, isso demonstra que o modelo de investigação policial não precisa ser mudado, mas aprimorado. Dados colhidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam índice de 94% de resolução dos inquéritos de combate à corrupção realizados pela PF. Mesmo nos demais crimes o índice passa de 70%.
“Investir em segurança pública é rentável, porque, além de estarmos falando de vida, e aí não existe nem preço, obviamente, estamos falando de custos. Quanto mais investirmos na segurança pública, quanto mais investirmos nas polícias, nós vamos ter um retorno também financeiro”, explicou Leiro. “Não há gastos com segurança, mas, sim, investimento”, completou.
O Simpósio Internacional de Segurança Pública, voltado para tecnologia e realizado, pela ADPF, também foi mencionado no evento. De acordo com o presidente da associação, existem muitos recursos voltados à tecnologia que podem ser usados para salvar vidas. Por isso, é necessário investir nessa área, para que haja mais eficiência. “Temos muito a evoluir nesta questão, é preciso difundir as inúmeras formas alternativas de financiamento da segurança pública, pois não há falta de recurso, o que ocorre é desinformação e falta de gestão proativa e priorização dos investimentos para a segurança pública”, esclareceu Leiro.
Leiro defendeu uma política de mandato para diretor-geral na PF, uma das bandeiras da ADPF, dentro do tema da autonomia. Para ele, a medida não vai favorecer somente a Polícia Federal, mas os governos, em si, diminuindo as pressões externas que estes podem sofrer. “Se há uma pressão externa para mudança do diretor-geral da Polícia Federal, mas o presidente da República não pode tirá-lo, nesse caso, o próprio governo está sendo blindado, protegido”, falou.
Segundo o delegado, independentemente de quem assumir a Presidência da República, serão anos difíceis pela frente, por conta do alto grau de polarização política. Para Leiro, é necessária a união de todos para se ter uma boa governabilidade e trazer mais recursos para a área de segurança pública.
Ao final do evento, o presidente da ADPF foi agraciado com a Medalha do Mérito Acadêmico do IBSP. “Este reconhecimento é na verdade ao trabalho da ADPF, é de todos os delegados em prol da segurança pública. Parabéns ao IBSP pelo evento”, explicou Luciano Leiro.
Do painel relativo à fala do presidente da ADPF participaram, ainda, o delegado Mario Demerval Ararechia, delegado-chefe da Polícia Civil do Mato Grosso e presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil (CONCPC); coronel Edval Carlos dos Santos Filho, representante do coronel Paulo José Reis, presidente do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais (CNCG); e o coronel Marlon Jorge Terza, presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (FENEME).