ADPF participa de audiência pública sobre violência contra policiais
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) foi representada pela delegada federal Tatiane Almeida numa audiência pública promovida pela CPI do Assassinato de Jovens nesta segunda-feira (05/10) que trouxe como tema principal, a vitimização da polícia no país. O outro lado da violência revela que policiais, em sua maioria jovens e negros, também estão sendo assassinados em número significativo no Brasil.
A delegada falou sobre o trabalho da Polícia Federal no combate aos chamados grupos de extermínio, cujas principais vítimas são jovens negros. Segundo ela, 70% das mortes violentas no país vitimam jovens negros e pobres. Para a delegada, o racismo é uma realidade incontestável no Brasil e a seletividade racial na abordagem policial é um dos retratos desse racismo. Ela garantiu que as estatísticas mostram que a atuação de grupos de extermínio não resulta em diminuição de crimes. “A polícia acaba sendo muito mais criticada. De acordo com teoria das tarefas restantes, à polícia é atribuída a solução de problemas que os demais sistemas não conseguiram resolver. Por isso acaba sendo muito mais criticadas que outras instituições”, destacou a delegada.
Para combater os grupos de extermínio a Polícia Federal tomou algumas medidas, como a criação da Unidade de Repressão aos Crimes Contra a Pessoa. Mais de 170 pessoas foram presas por envolvimento em atividades típicas de Grupos de Extermínio, sendo que mais de 70 são polícias, na sua maioria militares. O sucesso da atuação da PF se deve à realização de análises que permitem, a partir de critérios objetivos, selecionar os casos em que a gravidade da ação dos grupos de extermínio exigem e justificam a intervenção federal.
Entre os debatedores convidados estavam representantes de associações de policiais civis, militares, federais e defensores públicos, como Associação Nacional dos Praças, Associação dos Delegados de Polícia e Associação Nacional dos Defensores Públicos.
Dados
A taxa anual de mortalidade de um policial em serviço em São Paulo em 2013, por exemplo, foi de 41,8 por 100 mil policiais. Já no Rio de Janeiro, a situação é ainda pior. Conforme dados contabilizados pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), 114 agentes da lei, entre civis e militares, haviam sido assassinos em 2014 no estado, a maioria durante a folga. Somente na polícia militar, 96 foram mortos, em serviço ou em folga, o que dá uma taxa de 198 homicídios por 100 mil.
A realidade fora no Brasil é muito diferente. Nos Estados Unidos, entre 2007 e 2013, a taxa de homicídios de policiais foi de 4,7 por 100 mil. Na Alemanha, foram mortos apenas três policiais em 2012, frente a um efetivo de 243 mil — uma taxa de mortalidade de 1,2 por 100 mil na tropa. Os dados são do relatório final da CPI que investigou homicídios de jovens negros e pobres na Câmara dos Deputados, apresentado em julho deste ano.