ADPF participa de congresso sobre combate à corrupção
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, participou do IV Congresso Contra Corrupção: Impunidade, o fim de uma era. O evento, realizado no último sábado (4), em São Paulo, foi organizado pelo movimento #NasRuas de combate à corrupção e também contou com a presença da diretoria regional de São Paulo da ADPF, Tania Fernanda Prado, além de importantes figuras como o historiador Marco Antonio Villa e do músico e ativista Lobão.
Ao ser anunciado, o presidente da ADPF foi aplaudido de pé pela plateia, composta por formadores de opinião e intelectuais, aos gritos de “Polícia Federal, orgulho nacional”. A PEC 412, que prevê a autonomia da Polícia Federal, foi anunciada como uma das bandeiras de luta dos movimentos #NasRuas. O historiador Marco Antonio Villa, chegou inclusive a definir o trabalho da PF como um marco na história do combate à corrupção no Brasil. “A Polícia Federal cumpriu um papel de instituição do Estado importantissimo. Tem que ser lembrado toda hora, as investigações e todo o trabalho feito pela Polícia Federal, a relevância histórica. A Polícia Federal também mudou o Brasil, assim como a Justiça Federal e o Ministério Público Federal”, afirmou.
Ao longo do congresso, foram tratados temas como a operação Lava Jato e o histórico de impunidade na política nacional. O presidente da ADPF apresentou uma palestra sobre "O Papel da Polícia Federal no Combate à Impunidade". Com relação ao trabalho desenvolvido pela PF na Lava Jato, Sobral explicou que a operação "afetou o mundo político, que tem uma tendência muito grande a reagir e, se nós já tinhamos problemas orçamentarios, afetando nessa dimensão as forças politicas, é evidente que esses problemas ficaram muito maiores”.
Sobral questionou ainda a ideia de que a PF hoje já possui autonomia. “Hoje nossa diretoria é escolhida pelo governo. Que autonomia é essa? É falsa se não tem recursos ou condição material de investigar”, explicou.
Posteriormente, em uma apresentação sobre “a operação Lava Jato e seu impacto atual”, a diretora regional da ADPF e delegada federal, Tânia Prado, explicou que tudo começou em uma investigação sobre a atuação de doleiros, que conforme apuração, apontou para políticos e detentores de cargos de poder econômico e social. “A Polícia Federal é uma polícia republicana, de Estado, não é a polícia do governo A, B ou C e isso é importante ter em mente”, explicou a delegada. Para ela, a Lava Jato é um importante exemplo de que “a PF não fica escolhendo o que ela vai abordar". "Todos os casos que chegam lá são apurados”, disse a Delegada.
Apesar de lamentar a constante inteferência no trabalho da PF, o presidente da ADPF aproveitou a ocasião para agradecer o papel importante dos movimentos civis e dos cidadãos que têm ido às ruas mostrar seu apoio à PF e à PEC 412. “Muito obrigado pelo que vocês estão fazendo”, concluiu.