ADPF: Pesquisa sobre as condições de trabalho dos delegados da PF
Pesquisa da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) com 331 profissionais em 27 Estados e no Distrito Federal revela que a maioria (51,6%) aprova as condições de trabalho em suas unidades. Mas 72,81% reivindicam melhorias e alteração nos critérios de divisão de tarefas e de investigação. Além disso, 98,37% reclamam da quantidade insuficiente servidores administrativos, da falta de serviços médicos e psicológicos (68,31%) e das más condições de práticas físicas e de tiros (78,25%). Apesar dos protestos de agentes, escrivães e papiloscopistas – EPAs acusam os delegados de perseguição e assédio moral -, o presidente da ADPF, Marcos Leôncio Ribeiro, alega que o clima dentro da corporação era bom. Os problemas surgiram a partir de agosto de 2012.
“Em geral, a relação é boa. Os delegados convivem com eles e não há maus tratos. Hoje, o clima está ruim, porque a insatisfação dos EPAs ganhou força com a não-celebração da negociação salarial. Eles estão chateados. Está doendo no bolso. Os delegados torcem para que todos superem essa fase e para o resgate do clima de tranquilidade”, assinalou Leôncio. Na pesquisa sobre as condições de trabalho dos delegados da PF, foi apontado que 42,90% avaliam as relações interpessoais entre servidores policiais e administrativos boas, 30,82%, regulares, e 8,76%, ótimas. Apenas 11,78% as consideram ruins e 5,74%, péssimas.
Segundo o estudo, 61,33% dos delegados se sentem seguros na função, apesar de 64,94% se declararem desestimulados pela rotina e 61,03% clamarem por reconhecimento. Entre eles, 25,08% tem cinco anos de carreira e 58,31%, de seis a dez anos. Também reclamam das faltas de transparência, na tomada de decisões, considerada um incômodo para 56,50%, de informação adequada sobre o conteúdo das decisões (55,29%) e de abertura para conhecimento das suas demandas e necessidades (64,95%). Se ressentem da não realização periódica de reuniões que tratar de questões de serviço (61,93%) e do prazo restrito para decisões e resoluções de problemas (58,31%).
Os dados consolidados da pesquisa serão encaminhados à Direção Geral da Polícia Federal e ao Ministério da Justiça para as medidas necessárias, segundo a ADPF. O estudo não teve o objetivo de apresentar um orçamento para fazer frente às despesas que as reivindicações poderão acarretar. Segundo Leôncio, no ano passado, a ADPF divulgou informações sobre a necessidade de capacitação continuada aos delegados, com simulações de custo de aproximadamente R$ 600 mil por ano.