ADPF repudia declarações do presidente do Sindipol-DF

17 de janeiro de 2019 20:47

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF lamenta e repudia veementemente as declarações de Flávio Werneck, presidente do Sindipol-DF, dadas ao site do Conjur, no bojo de matéria acerca do novo decreto de posse de armas de fogo. Durante a entrevista, o referido sindicalista insinuou que os delegados federais decidiam de maneira seletiva, baseados em corrupção ou por razões pessoais, quem poderia possuir arma de fogo.

 

De início, como deveria ser claro a um autodenominado “especialista”, ainda que no caso seja alguém com pouco tempo de efetivo exercício na PF, os processos administrativos são devidamente fundamentados e passam pelas mãos de diversos cargos, até chegar à decisão do Delegado de Polícia responsável. É muito corriqueiro que escrivães, agentes e administrativos deem parecer nesses procedimentos, subsidiando a decisão do delegado, sem que isso signifique suspeição genérica sobre qualquer um daqueles que nele atuaram. Portanto, a possibilidade de a posse ser negada quando não se comprovasse a efetiva necessidade da arma nunca tornou o processo de concessão mais ou menos sujeito a desvios de conduta, porquanto devidamente fundamentado e passível de controle judicial.

 

De todo modo, para se fazer uma afirmação dessa natureza, é necessário que se aponte quando, onde, como e quem foram os que agiram com desvio de conduta e de que forma foram punidos ou os elementos mínimos para se desencadear imediatamente as devidas apurações. Declarações genéricas apenas ofendem a honra de profissionais que tem um histórico de excelentes serviços prestados ao Brasil e demonstram que parece ser um traço da personalidade do referido sindicalista atacar a honra de terceiros sem apresentar provas.

 

Aliás, foi exatamente por dar declarações depreciativas sobre a conduta de agentes públicos que atuavam na Operação Lava Jato, sem apresentar comprovações, que Flávio Werneck foi punido com 20 dias de suspensão pela Corregedoria-Geral de Polícia, após a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar nº 006/2016-COGER/DPF, instaurado depois de a revista Veja afirmar que o referido policial teria entregado um suposto dossiê contra o então Juiz Federal Sérgio Moro e delegados que atuavam naquela operação.

 

Ser presidente de uma entidade de classe exige coragem, ser aguerrido, travar debates muitas vezes calorosos, mesmo que incomodem terceiros e adversários, mas também exige equilíbrio, discernimento, responsabilidade e ética. Não é necessário atacar a honra de terceiros para dar visibilidade aos diversos pontos de vista. As divergências de entendimentos são naturais. As ofensas, nunca! Esse tipo de conduta jamais rendeu qualquer ganho aos representados do Sindipol-DF. Muito ao contrário. Apenas impede que um ambiente mínimo de entendimento possa ser cultivado.

 

E assim continuará sendo, porque a ADPF se recusará a dialogar com quem não tenha um mínimo de postura ética e respeito no trato com os delegados de polícia federal. Paralelamente, tomará todas as providências judiciais cabíveis para obter a reparação devida daqueles que insistirem em ofender a honra da classe e de seus associados.