Advogado se afasta do BNDES

28 de abril de 2008 14:10

O pedido será feito por fax ao presidente do banco estatal, Luciano Coutinho.

O advogado, que ocupa o cargo no BNDES desde agosto de 2007 por indicação da Força Sindical, foi libertado no último sábado pela PF de São Paulo, onde estava preso desde a quinta-feira.

A polícia informou à Justiça Federal que a prisão de Tosto não era mais necessária para o andamento da investigação. Ele foi indiciado pela PF por supostamente ter exercido influência política na liberação de empréstimos que depois teriam sido desviados num esquema que envolveria empresas de fachada.

A PF investiga principalmente empréstimos para a Prefeitura de Praia Grande (SP) e para as Lojas Marisa.

Em entrevista concedida ontem à Folha, por telefone, Tosto disse estar “emocionalmente destruído”. “É uma tortura emocional. Primeiro te prendem, daí a pessoa fica presa lá [na PF], sem ser ouvida, para a pessoa sofrer lá embaixo [na cela]. Depois te chamam. Depois dessa tortura psicológica, aí você vai depor psicologicamente destruído”, disse Tosto.

O advogado afirmou que as suspeitas da PF são “improcedentes” e considerou “absurdo, uma violência” o fato de ter sido algemado e exposto a câmeras da imprensa, logo após a prisão. Disse que nunca interferiu nos empréstimos citados na investigação e que eles não passaram pelo Conselho de Administração do banco. “Não passaram. Você não tem poder [de interferência]. Você ali discute a estratégia macro do banco. Nunca conversei com ninguém sobre isso [empréstimos]. Não assinei, não aprovei, não falei com ninguém. E fiquei preso e estou destruído.”

O advogado afirmou que o banco tem um “quadro técnico excelente”. “Não consigo nem imaginar essa corrupção [afirmada pela PF]. Não tem, hoje em dia, um esquema no BNDES. É impossível haver”, disse o advogado.

Tosto afirmou que só tomou conhecimento do inquérito que o investigava quando foi preso, na quinta-feira. Interceptações telefônicas feitas pela PF sugerem que ele tenha tido acesso privilegiado a informações sobre a investigação e que as teria vazado para outro investigado. “Isso foi uma confusão da PF. O cara da [empresa] Progus, Mantovani, é cliente do escritório. Tem um inquérito contra ele, e eu estava falando no telefone sobre esse inquérito. O inquérito existe, vai ser comprovado, mas não posso falar sobre ele por sigilo profissional”, disse o advogado.

O conselheiro do BNDES afirmou que nunca conversou com garotas de programa sobre empréstimos ou recursos no exterior e que a existência do diálogo lhe foi desmentida pelo delegado encarregado da investigação. “O próprio delegado disse que isso não existiu.”

Segundo Tosto, as citações a seu nome em conversas de outras pessoas sob investigação na operação da PF, se ocorreram (ele disse que não leu as degravações das interceptações), foram um uso indevido de seu nome. “Vou dar um exemplo. O Vavá [irmão do presidente Lula] falava de Lula. O Lula foi preso?”, disse o advogado, referindo-se a diálogos captados no ano passado pela PF na Operação Xeque-Mate.