Aliado desmascara Dualib

11 de setembro de 2007 10:56

Só que o afastado presidente não contava com a confirmação do ex-vice-presidente de Futebol, Rubens Gomes, o Rubão, que acabou com a farsa.

Eu tenho uma cópia de uma carta do Boris que garante o investimento de US$ 50 milhões no Corinthians. Me deram essa cópia e eu guardei. Sou um homem considerado bruto, mas sou transparente, sincero, não minto. Essa carta é do Berezovski mesmo , confirma Rubão ao Estado.

A postura de Rubão (apelido que ganhou por causa do porte físico avantajado) se choca com a de Dualib. A PF registra as palavras do presidente ditas depois de um desmentido (que ninguém da diretoria corintiana levou a sério) da MSI. No desmentido colocado no site do fundo de investimentos havia a garantia que Berezovski não tinha nada a ver com a MSI. Dualib dá a ordem de que ninguém mais pode falar em Boris. O Boris acabou, tá fora. E se ele (o ex-vice de Futebol Andres Sanches) falar que o Boris é (investidor) f… com tudo .

A confirmação de Rubão caracteriza o que a Polícia Federal quer: a certeza da lavagem de dinheiro do bilionário russo que é caçado pela Interpol.

Essa é mais uma confirmação de quanto Dualib mentiu. Uma carta do Berezovski é indiscutível. Dualib trouxe esse tipo de gente para o Corinthians e agora tenta disfarçar, mentir. Essa tese acabou faz tempo , afirma o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior.

Rubão não confirmou outro diálogo que a Polícia Federal levantou. No dia 28 de maio, ele pediu para o empresário Renato Duprat – braço direito de Dualib – conversar com o deputado estadual Vicente Cândido. Ele queria um emprego. Desde o dia 14 de março o Rubão deixou de trabalhar comigo , lembra Tuma Júnior. Não me lembro dessa conversa. Eu fui falar pessoalmente com o Vicente. Sou do PT há 15 anos. E ele me arrumou o emprego. Hoje eu sou seu assessor parlamentar. Não devo nada ao Duprat , diz Rubão. Cândido foi quem tentou a todo custo dar asilo político a Berezovski no País.

IMPEACHMENT JÁ!

Começou o processo de impeachment do presidente Alberto Dualib. Quem o iniciou foi o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e atual presidente do STJD, Rubens Approbato Machado. Não dá mais para ficar sem fazer nada depois do vazamento das conversas de Dualib. Ele sujou demais o nome do Corinthians , diz. Por respeito ao clube, estou pedindo oficialmente a sua saída definitiva, o seu impeachment. Já redigi um documento e o passei para o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Senger, e para o presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Roque Citadini. O Dualib não tem mais moral para representar o Corinthians , protesta Approbato.

O processo de impeachment seguirá o seguinte caminho. Eu sou conselheiro vitalício e passei o documento para o Senger e o Citadini. Os dois já me disseram que aprovaram a idéia e vão convocar uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo , afirmou. E aí vão convocar uma assembléia com todos os sócios para decretar o fim de Dualib e de Nesi Curi no Corinthians , afirma o advogado.

O ex-presidente da OAB é amigo de Dualib há mais de quatro décadas. Já estiveram do mesmo lado no Corinthians. E foi usando essa amizade que Approbato procurou o presidente afastado para mais um pedido. Eu falei para ele que fizesse o que todos querem: facilite a vida do Corinthians e renuncie. Só que ele não quer, de jeito nenhum.

A OPERAÇÃO PERESTROIKA

03/12/2006, às11h36, diálogo entre Nesi Curi , vice, e Renato Duprat,
intermediador da parceria

Nesi pergunta como está a imagem do Corinthians para o Boris (Berezovski), depois de todas as mentiras que o Kia contou. Renato diz que Boris vai continuar a parceria, mas que está mais interessado nos atletas corintianos.

06/12/2006, às 21h10, recado de Frank

Diz que precisa de US$ 110 mil (R$ 220 mil) para pagamentos de autoridades e comenta que nunca teve um problema desses na empresa antes

06/12/2006, às 9h32, diálogo de Duprat e Nesi

Renato diz que está tentando levar dinheiro para o clube, mas só será liberado após o dia 15. Nesi pergunta se virão os atrasados. Renato diz que primeiro será enviado um valor para cobrir o déficit dos investidores e depois manda 5 milhões (não diz se é real ou dólar) e depois mais 10.

06/12/2006, às 18h11, diálogo entre Dualib e Duprat, de Londres

Dualib diz que mandará um esboço da nova folha de pagamento que está em torno de 2.200.000 (não diz se é real ou dólar), com encargos. Renato diz que Boris aceitou discutir a compra das ações dos investidores da MSI.

20/12/2006, às 10h34, fala de Fischer, controller do Corinthians

Fischer fala que os 209 mil da Nike não podem ser depositados na conta do Corinthians, que está bloqueada por causa de uma ação na Justiça. Fala a Duprat para conversar com Dualib para depositar na conta da MSI.

28/12/2006, 12h14, diálogo de Duprat e Rubão, conselheiro do clube

Duprat fala que os 65 milhões da parceria entraram pelo Bradesco. Diz que 48/49 milhões entraram no Corinthians. A diferença ficou na MSI.