Após 4 horas, ex-diretor dos Correios deixa a PF sem dar declarações

5 de outubro de 2010 09:50

Convocado a prestar depoimento sobre o suposto esquema de tráfico de influência na Casa Civil, o ex-diretor dos Correios Marco Antônio de Oliveira passou cerca  de quatro horas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, mas saiu sem falar com a imprensa. Ele estava acompanhado do advogado Pedro Eloi Soares, que não deu disse se Oliveira respondeu às perguntas feitas durante o depoimento.

Marco Antônio é tio de Vinícius Castro, que pediu demissão do cargo de assessor da Casa Civil no dia 13 de setembro. Segundo reportagens da revista "Veja" publicadas em setembro, o ex-diretor dos Correios participava das negociações no suposto esquema.

A revista também exibiu a cópia de um e-mail com o número de uma conta em um banco de Hong Kong supostamente usada para receber o pagamento de uma propina de R$ 5 milhões decorrente de tráfico de influência no governo. O titular da conta seria um genro de Marco Antônio.

As denúncias culminaram com a saída de Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil, no dia 16 de setembro.

Semana passada
Na última sexta-feira (1º), o ex-assessor da Casa Civil Stevan Knezevics deixou a Superintendência da Polícia Federal sem prestar esclarecimentos aos agentes federais. O advogado de Stevan é o mesmo que defende outros dois envolvidos no caso – o também ex-assessor da Casa Civil Vinicius Castro e a mãe dele, Sônia.

Ambos foram convocados para prestar depoimentos na última quarta-feira (29), mas também utilizaram o direito de não responder às perguntas da polícia.

Marco Antônio, Vinícius Castro, Knezevic e Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice teriam supostamente negociado contratos de empresas privadas com órgãos públicos e empresas estatais, mediante pagamento de comissão.

Com Knezevic abaixado no banco de trás do carro, o advogado Emiliano Aguiar falou rapidamente com a imprensa ao deixar a PF na semana passada. “É a mesma situação dos depoimentos anteriores. Ele permaneceu em silêncio e nós vamos aguardar o desenrolar do processo”, afirmou.

Israel e Saulo Guerra
Apesar de já ter tentado interrogar diferentes personagens do suposto esquema de tráfico de influência no governo, a PF encontrou dificuldades para encontrar os dois principais envolvidos no caso, Israel Guerra e o irmão dele, Saulo. Os depoimentos dos dois foram marcados para esta terça-feira (5).

Proprietário da Capital Consultoria e Assessoria, Saulo deve depor por volta de 9h. Já Israel deve se apresentar ao delegado por volta de 14h. Os irmãos Guerra estão no centro de denúncias de tráfico de influência ocorrido no período em que a mãe deles foi secretária-executiva e depois ministra-chefe da Casa Civil.

A empresa de Saulo, da qual Israel era representante, utilizaria o posto estratégico de Erenice no governo para facilitar a negociação de contratos públicos com empresas privadas. Desde que o caso foi revelado, a ex-ministra sempre negou participação em irregularidades.

O delegado que comanda a investigação, Ruberval Vicalvi, afirmou que chegou a estudar a possibilidade de solicitar à Justiça a concessão de mandado de condução coercitiva, caso não conseguisse intimar os filhos de Erenice.

Na manhã de quarta, um dos advogados do escritório que defende Israel foi até a Superintendência da PF em Brasília e entregou um documento no qual afirmava que os irmãos Guerra estavam fora da capital, mas que a partir do dia 2 de outubro estariam disponíveis para prestar depoimento. Empresários que teriam iniciado negociações com a empresa dos irmãos Guerra já foram ouvidos pela PF.

Fonte: G1