Apreensão recorde de 20 mil comprimidos de Ecstasy no Distrito Federal
Nenhum delegado à frente da apuração deu entrevistas. A chefe de comunicação social da PF, Ana Carolina Carvalho, disse que o entorpecente estava embalado em quatro sacolas, misturado em sabão em pó. Antes de prestar depoimento, o acusado teria dito que não possuía experiência nesse tipo de transporte. “A um policial, ele garantiu que era a primeira vez que fazia o trajeto. Disse que estava atendendo ao pedido de uma amiga”, afirmou Ana Carolina. A identidade da mulher é desconhecida.
A polícia aprofundará as investigações para descobrir a origem da droga — há rotas que passam pelo Suriname e pela Holanda. O acusado pegou um avião da Gol Transportes Aéreos em Boa Vista (RR) rumo a Belo Horizonte (MG), mas não conseguiu alcançar o destino. Como o voo dele fazia conexão em Brasília, acabou flagrado em uma operação de rotina da Polícia Federal, por volta das 9h30 (veja arte).
Apesar de o dado não ser confirmado pela Polícia Federal, a reportagem apurou que esta é a segunda maior apreensão de ecstasy realizada pelo órgão no país. Em março de 2007, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), foram encontradas 25 mil cápsulas da droga na mala de uma mulher que tentava embarcar para a Holanda.
O paraense foi indiciado e dormiu na carceragem da PF em Brasília. Será encaminhado hoje ao Complexo Penitenciário da Papuda. Ele responderá a processo por tráfico de drogas. A pena varia de 5 a 15 anos de detenção.
Desde a última semana, quando foi lançada a Operação Aeroporto JK Seguro, as vistorias de rotina da Polícia Federal foram intensificadas. Segundo o chefe da Delegacia de Imigração (Delemig), Marcos Paulo Coelho, a ação é uma espécie de aquecimento para as operações que serão realizadas durante a Copa do Mundo de 2014. “É comum que o transporte de entorpecentes seja maior no período que antecede o carnaval”, informou. “A PF vai estar atenta e atuando de forma rígida no combate ao tráfico de drogas.”
Sintéticas
Com a diminuição dos plantios da coca na Colômbia — 58%, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) — e a repressão ao tráfico boliviano e peruano nas fronteiras, a tendência, segundo a PF, é de crescimento no mercado de drogas sintéticas. As autoridades brasileiras acreditam até mesmo no surgimento de pequenos laboratórios por várias regiões do país, principalmente no Sul e no Sudeste, onde estão concentrados os maiores consumidores. Além disso, a PF trabalha com a possibilidade de esse tipo de negócio crescer em função da repressão aos produtos químicos de refino de drogas feito pelo Brasil.
Investigadores que atuam na área de repressão a entorpecentes também avaliam que o mercado de ecstasy pode ser promissor no Brasil, já que a maior parte dos usuários são de classe média. A aquisição também é restrita e não há uma grande rede formada, como a do tráfico de cocaína e de maconha. A proximidade do país com a América do Norte, onde há a fabricação, também pode aumentar a tendência do crescimento do uso da droga no país