Arrozeiro é tranferido pela PF

8 de maio de 2008 13:05

Todos são acusados de formação de quadrilha, posse de explosivos e tentativa de homicídio.

Quartiero ficará detido na carceragem da PF, à disposição do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. Por ser prefeito, ele tem direito a responder ao inquérito em foro privilegiado, no caso o TRF. Sua defesa informou que ainda hoje entrará com pedido de revogação da prisão, que considera arbitrária.

Ele foi preso a mando do ministro Tarso Genro, que é o responsável por instrumentalizar toda a ação insana e está colaborando com as ONGs, sendo intransigente em negociar uma demarcação mais justa, disse Valdemar Albrecht, advogado do arrozeiro.

Atentado
No início da semana, um grupo de dez trabalhadores da Fazenda Depósito, localizada na terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, atacou e feriu a bala nove indígenas que ocupavam a propriedade – este é o número informado pela PF, embora o Conselho Indígena de Roraima (CIR) sustente que são dez. Por conta dessa ofensiva, o Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu mandado de busca e apreensão na fazenda de Quartiero, que vem liderando protestos contra a desocupação da reserva.

Durante a ação da PF, na terça-feira, 24 pessoas foram presas. Dezesseis funcionários não foram reconhecidos pelas vítimas e acabaram liberados ainda na madrugada de ontem. Um dos empregados de Quartiero, o operador de máquinas agrícolas Daniel Paulo, índio uapixana de 22 anos, disse que sofreu tortura psicológica durante a prisão. Eles ameaçaram me afogar e matar. Por diversas vezes engatilharam as armas nas minhas costas, relatou. A assessoria da PF negou excessos e disse que todas as pessoas detidas foram submetidas a exame de corpo de delito.

Os trabalhadores negaram que na fazenda houvesse explosivos. Já o superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, disse que foram encontrados canos de PVC com resíduos de pólvora, tábuas com pregos que teriam sido utilizadas nas estradas contra os carros policiais e escudos artesanais de lata, que comprovariam a atuação do arrozeiro nos atentados .

Ontem não houve registro de tumultos no Surumu. A sete quilômetros dali, crescia o acampamento de indígenas ligados ao CIR. O tuxaua Martinho Macuxi Sousa disse que o grupo, com cerca de 300 índios, vai ocupar novamente a propriedade do prefeito. Para ele, a prisão de Quartiero não traz tranqüilidade. Só vamos ficar tranqüilos quando ele sair da nossa terra.