Artigo “Concurseira é a Mãe”, do Delegado Federal José Roberto Lima
Amanhã é Dia das Mães. Então, este artigo é um cumprimento antecipado a todas elas, de modo especial às mães concurseiras e às que têm filhos ou filhas concurseiros. Afinal, em qualquer empreitada de sucesso, especialmente nas guerras em que se transformaram os concursos, precisamos de um refúgio seguro com boas relações afetivas. Caso contrário, dificilmente revigoraremos as forças diariamente. E as mães cumprem majestosamente esse papel.
É por isso que, quando se quer injuriar alguém, menciona-se logo a mãe do oponente. Poucas pessoas conseguem manter a serenidade nessas ocasiões. Um clássico exemplo ocorreu no Congresso Nacional nos idos de 2006, durante a CPMI dos Correios. O clima já não estava amistoso entre alguns parlamentares e um advogado, que estava sendo ouvido como suspeito. Ao ouvir o requerimento de um deputado, que pedia a quebra de sigilo bancário da esposa e da irmã, comentou: “Da mãe também seria bom”.
Mesmo alegando que se referia à própria mãe e não à do parlamentar, foi preso em flagrante. Talvez a alegação fosse verdadeira. Mas mãe é assim mesmo. Ficamos ofendidos com a simples possibilidade de alguém estar se referindo à nossa.
O tema, apesar de sério, pode ser explorado pelos humoristas. Uma das cenas clássicas de Os Trapalhões apresenta o Didi do alto de um muro jogando uma pequena tartaruga sobre a cabeça do Mussum (os ambientalistas podem ficar tranquilos: a tartaruguinha era de plástico). Indignado, Mussum protesta: “Joga a mãe”. Então, Didi providencia o arremesso de uma tartaruga gigante.
Uma única vez em que assisti à cena de alguém se referir à mãe alheia sem que ninguém se ofendesse, ao contrário, gostando da observação, foi quando dois concurseiros conversavam durante o intervalo das aulas. Um dos alunos falava de sua paixão por uma garota, cuja mãe, ainda jovem, estudava na mesma escola preparatória. Após descrever a filha com todos os encantos, concluiu:
– E o melhor de tudo: ela é concurseira!
Chegou a falar do sonho de um futuro comum com a garota. Assim, para aumentar sua paixão, o interlocutor respondeu: “Concurseira é a mãe!”.
Professor de Direito, Delegado Federal e autor do livro “Como passei em 15 concursos”, da Ed. Método.
Confira a página do jornal Hoje em Dia com o artigo publicado.