As milícias e o Álvaro Lins
A intermediação ocorreu por meio de policiais civis do seu grupo e mesmo de delegados no exercício do cargo.
As informações constam do relatório no qual Lins, o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) e outras 14 pessoas foram denunciadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por formação de quadrilha armada, facilitação de contrabando, corrupção e lavagem de dinheiro.
Em um dos diálogos gravados pela Polícia Federal, um delegado é flagrado ao organizar um ato de campanha de Lins em cinco favelas de sua jurisdição. O delegado, Marcos Cipriano, é aconselhado pelo inspetor de polícia Fábio Menezes de Leão, o Fabinho, a procurar o cabo da Polícia Militar Jorsan Machado de Oliveira, chefe de milícia em diversas comunidades carentes de Jacarepaguá, na zona oeste.
Cipriano, segundo gravações da PF, destacava a importância da visita: “Para a gente não deixar de aproveitar lá, um complexo de seis favelinhas, são 20 mil votos, entendeu?” Fabinho então quis saber se haviam negociado com a milícia local e recomendou que procurassem Jorsan: “Os caras lá são o Jorsan e o Serginho. (…) Eles estão com a gente na campanha, são eles que puxam o bonde lá.”
Caça-níqueis
Jorsan também tinha ligações com a máfia dos caça-níqueis, chefiada pelo sobrinho do bicheiro Castor de Andrade, Rogério Costa de Andrade. Segundo as investigações da PF, Andrade também pagava propina para o grupo de Álvaro Lins. Depois da vitória de Lins nas eleições, foi o próprio quem telefonou para o cabo da PM agradecendo o apoio.
“Continuamos juntos, vamos em frente que tem muito trabalho ainda?, disse Lins, segundo a denúncia. “Pode ficar tranqüilo, estamos aí e vamos estar juntos de novo”, ouviu de Jorsan. No início de 2007, Jorsan foi assassinado, segundo a denúncia contra Lins, logo após procurar a Polícia Federal com o objetivo de “delatar o esquema dos caça-níqueis”.