Assembléia Legislativa discute alcoolismo

19 de dezembro de 2013 10:45

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa debateu ontem os malefícios do álcool. O delegado da Polícia Federal José Francisco Mallmann e o psiquiatra e membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e Outras Drogas (Abead) Sérgio de Paula Ramos defenderam leis mais rígidas para a propaganda e a comercialização de bebidas.

Com base em dados dos órgãos de segurança pública, Mallmann ressaltou que os problemas causados pelo álcool não se restringem ao trânsito, mas são fator agravante da violência doméstica. “A impressão é de que só faz mal aos condutores, mas 80% dos casos de violência contra a mulher têm relação com o álcool”, disse. Ele assegura que o número de homicídios também é aumentado em razão do consumo. No Rio Grande do Sul, 32% dos assassinos estariam embriagados. “O álcool é a quarta droga mais nociva”, declarou.

Segundo Mallmann, a maior parte das pessoas é a favor de uma política de restrição à venda de álcool. “O parlamento precisa atender à maioria”, declarou, afirmando que a indústria de bebidas tem grande influência no Congresso Nacional. “Cerca de 70% dos congressistas receberam ajuda desse segmento nas campanhas”, ressaltou. O delegado, que já foi secretário estadual da Segurança, sugeriu uma lei com horários para venda de bebidas. A proibição seria da meianoite às 6h. Em rodovias, a comercialização seria impedida.

O deputado estadual Carlos Gomes (PRB), que propôs a audiência, lembrou que ele e outros oito parlamentares votaram contra a autorização de venda de bebidas em estádios durante a Copa, contra 30 votos. “Fomos minoria”, ressaltou. Para ele, o lucro da indústria do álcool beneficia apenas uma pequena parcela da população. Por isso, pretende encaminhar, no próximo ano, um projeto com o objetivo de restringir a comercialização e os horários de propaganda. “Se não houver inconstitucionalidade nem um outro impedimento, faremos. Não queremos prejudicar o setor, mas salvar vidas”, ressaltou Gomes. Uma das ideias é lançar uma cartilha, que deve servir para conscientização. Também poderá ser apoiada a moção de autoria do senador Humberto Costa para transformar em crime a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos.

O psiquiatra afirmou que o álcool é a porta de entrada para diversas outras drogas e o seu consumo é um risco para os jovens. Segundo Ramos, a chance de uma pessoa que começa a beber com 21 anos se tornar alcoolista é de 9%. “No Brasil, onde o consumo se inicia aos 13, esse percentual vai para 47%”, salientou.