Atrás do dinheiro escondido

19 de junho de 2008 09:53

Nada foi encontrado. O delegado Mário Veloso, responsável pela investigação que apura desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), retidos pelo INSS, em prefeituras mineiras, comandou pessoalmente a operação.

Segundo denúncias que chegaram aos policiais, haveria um fundo falso em uma das paredes do escritório do ex-prefeito, que renunciou ao cargo na segunda-feira. Os federais usaram marretas durante as buscas, à procura de mais indícios, documentos e dinheiro, que comprovariam enriquecimento ilícito contra o ex-chefe do Executivo. O trabalho provocou muito barulho no prédio e chamou a atenção de funcionários de escritórios vizinhos. Arrebentamos todas as paredes e vãos, mas não encontramos nada, lamentou Veloso.

De acordo com ele, os novos mandados de busca e apreensão são frutos da análise do material apreendido durante as investigações. A ex-primeira-dama do município Vanessa Loçasso Bejani acompanhou todo o trabalho policial, mas não quis conceder entrevistas. Vanessa é citada no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), concluída segunda-feira, que indiciou ex-prefeito de Juiz de Fora. No documento, os vereadores pedem que o Ministério Público investigue a conduta de Vanessa, que ocupava a Secretaria de Política Social.

Remédios
Os policiais federais também foram a um depósito de remédios da prefeitura, no bairro Poço Rico, Zona Leste da cidade, onde aprenderam grande quantidade de medicamentos vencidos. Até o fechamento da edição, a PF não havia informado a quantidade de medicação apreendida e qual o elo da descoberta com as denúncias de corrupção, envolvendo o ex-prefeito de Juiz de For a. O novo secretário de Saúde de Juiz de Fora, Cláudio Reis, prometeu conceder uma entrevista coletiva sobre os remédios. Informações ainda não confirmadas apontam que o volume pode chegar a duas toneladas.

Veloso revelou que pretende ouvir hoje todos as pessoas detidas durante a Operação De volta para Pasárgada. Os depoimentos foram adiados por causa dos novos mandados de busca e apreensão em Juiz de Fora. O delegado disse ainda que pode pedir a prisão preventiva dos empresários do transporte público Francisco Carapinha e dos filhos Wanderson Carapinha e Francisco José de Carvalho, o Bolão, além do irmão da ex-primeira-dama, Enilson Loçasso Cardoso. A prisão temporária do grupo vence amanhã. Faremos uma análise para verificar se há elementos para pedir a preventiva, informou o delegado. Se a Justiça determinar a prisão preventiva, os Carapinhas e o cunhado de Bejani, ficarão detidos por tempo indeterminado, assim como o ex-prefeito.

Em um vídeo, Bolão aparece negociando propina com Bejani para autorizar a aumento na passagem de ônibus. Segundo denúncias feitas à CPI, o administrador municipal receberia R$200 mil por cada centavo de aumento. Uma nova gravação, desta vez envolvendo empresários donos de vans e o ex-prefeito estaria com a PF, que pode divulgar a fita nos próximos dias. O novo vídeo mostraria Bejani pedindo proprina aos empresários em troca da implantação do transporte na cidade.