Banrisul pode entrar com ação contra União por causa de operação da PF

6 de setembro de 2010 10:15

O Banrisul estuda o ingresso de ação indenizatória contra a União por prejuízos decorrentes da divulgação pela Polícia Federal (PF) da Operação Mercari. A PF apura o suposto desvio de R$ 10 milhões do Banrisul em ações de marketing superfaturadas e deflagrou, na semana passada, a operação que resultou na prisão de quatro pessoas, entre elas, um alto servidor do banco.

– Não questionamos o mérito, mas o caráter espalhafatoso da operação, da divulgação. Esse método de batizar e de criar entrevista coletiva como se a verdade estivesse emergindo naquele momento. E temos um agravante, o fator político, o processo eleitoral em curso– afirmou ontem o advogado Fábio Medina Osório, contratado para representar o banco.

Ele orientou a instituição a contratar uma consultoria externa para produzir um laudo que aponte potenciais prejuízos decorrentes da divulgação da Mercari.

– A ação é por prejuízos diretos ou indiretos à imagem do banco no mercado. É contra a União, que pode chamar para o processo as pessoas físicas responsáveis, no caso, o superintendente da PF (delegado Ildo Gasparetto) – explicou o advogado.

A interpretação do advogado do banco surpreendeu o delegado Gasparetto, que relembrou ontem o que já dissera em entrevistas:

– Desde o começo, a força-tarefa trabalhou em defesa do Banrisul, que foi vítima de uma quadrilha.

Hoje, em reunião da diretoria do Banrisul, deve ser anunciado o nome do novo superintendente de Marketing, em substituição a Walney Fehlberg, preso em flagrante pela PF. Segundo o presidente do banco, Mateus Bandeira, deverá assumir o cargo, mas interinamente, um gerente de uma agência do banco a trabalhar em conjunto com um executivo da auditoria do Banrisul.

Além disso, Bandeira informou que serão tomadas três medidas:

1) Todos os projetos futuros do departamento de marketing serão suspensos.

2) Haverá uma avaliação de todos os pagamentos a serem realizados.

3) Será criado um comitê, formado por várias áreas, para fixar critérios a nortear a ações de marketing de agora em diante.

– Isso vai possibilitar a transparência total e critérios bem definidos nos projetos que o Banrisul patrocinará a partir de agora – disse.

Uma reunião do conselho de administração será convocada para a próxima quinta-feira, adiantou Bandeira, para ratificar as decisões.

Depoimentos serão retomados hoje

Os quatro presos na operação vão prestar depoimento hoje. Além de Walney Fehlberg, superintendente de Marketing do Banrisul, seguem presos na sede da PF Armando D’Elia Neto, da DCS, Gilson Storck, da SLM, e Davi Antunes de Oliveira, suspeito de ser o operador da fraude, ligado a empresas terceirizadas. Ele foi capturado sexta-feira, no Bom Fim, na Capital, carregando consigo R$ 82 mil.

Com os outros três, a PF apreendeu, na quinta-feira, durante as buscas da operação, R$ 3,4 milhões em reais, dólares, euros e libras esterlinas. Advogados de defesa esperam hoje resposta da Justiça sobre os pedidos de concessão de liberdade provisória.

Um das linhas da apuração, agora, é verificar quem se beneficiava do dinheiro desviado e até se servia para uso de partidos políticos. A investigação começou há 11 meses, quando uma testemunha procurou membros da CPI da Corrupção na Assembleia Legislativa. Por considerar graves as denúncias e não ter condições de apurar a fundo, o comando da CPI encaminhou a testemunha para o Ministério Público de Contas. Foi formada então a força-tarefa com o Ministério Público Estadual e a PF.

Fonte: Jornal Zero Hora