Barão da droga mantinha vida dupla no Sul

14 de setembro de 2007 12:12

Preso na quarta-feira na Operação Colméia, Ademar Fracalossi, 40 anos, tem um patrimônio estimado pela PF em R$ 30 milhões. Entre seus bens estão sete apartamentos num condomínio na Avenida Cavalhada, em Porto Alegre. Era num deles que seu Ademar, como era conhecido pelos vizinhos, passava maior parte do tempo ao lado da noiva, quando estava na Capital. Era simpático com os outros moradores, mas se esquivava em falar da sua vida e dos negócios.

– Em Porto Alegre, ele era muito discreto, bem diferente da vida que levava em Araranguá e Balneário Camboriú (ambas em Santa Catarina). O máximo que fazia era sair para as rinhas de galo e para os sítios em Viamão. Provavelmente porque aqui ele centralizava as negociações do tráfico – disse o delegado Noerci da Silva Melo, titular da Delegacia da PF de Caxias do Sul, que monitorou os passos do empresário por seis meses.

Fracalossi morava na Avenida Cavalhada desde o início de 2006. Comprou um apartamento de dois dormitórios – avaliado em R$ 150 mil – e logo depois adquiriu outros seis. Dois eram ocupados por pessoas que trabalhavam com ele, detidas entre os 54 presos na quarta-feira.

– Todos pensavam que ele tinha casas noturnas. O pessoal só achou estranho ele ter sete carros e chegar e sair com muitas malas, mas ninguém imaginava que era traficante – contou uma moradora, que pediu para não ser identificada.

Quem conhecia Fracalossi em Santa Catarina via um estilo de vida diferente. Dono de uma casa de shows entre Araranguá e Meleiro, vivia em colunas sociais de jornais da região. Sempre com correntes e pulseiras de ouro, freqüentava casas de políticos, andava em carros importados e promovia festas para grupos de amigos. Além da casa de shows, era sócio de uma loteria em Araranguá.

A PF agora está tentando descobrir qual o total de bens do suspeito, conhecido como Batista. Muitos imóveis, conforme o delegado, estão em nome de laranjas. Ontem, Batista negou-se a falar em depoimento. Depois, foi levado ao Presídio Central. Sua noiva foi para a Penitenciária Madre Pelletier. Os dois se casariam no sábado, em Balneário Camboriú.

O bando trazia 500 quilos de cocaína pura por mês da Bolívia. Galos de rinha eram usados no pagamento aos bolivianos, por R$ 10 mil cada. O empresário tinha mil animais.

( mauro.graeff@zerohora.com.br )

O patrimônio
– Sete apartamentos em Porto Alegre
– 10 sítios em Viamão, Porto Alegre, Venâncio Aires e Glorinha
– 45 carros e motos
– Casa de shows entre Araranguá e Meleiro (SC)
– Casa em Araranguá
– Lotérica em Araranguá
– Casa em Balneário Camboriú
– Casa e um ginásio de briga de galo em Eusébio (CE)
Os bens devem ser leiloados. A PF vai encaminhar representação à Justiça Federal pedindo a venda. Se for autorizado, 60% do valor arrecadado vai para ações de combate ao tráfico e 40% para compra de equipamentos para a PF.