BM encontra mais caixas em nova área

29 de outubro de 2007 09:40

O lote de leite enterrado deve ser retirado somente hoje, embora os agentes do Policiamento Ambiental já tenham feito ontem uma escavação com retroescavadeira na área que já foi isolada pela Brigada Militar.

– É possível que este local tenha o dobro de embalagens do outro – disse o sargento Anestor de Moura, do Policiamento Ambiental. – Já lacramos tudo. Não há a possibilidade de qualquer coisa ser retirada de lá – acrescentou.

A Polícia Federal (PF) investiga o caso do leite enterrado.
– Na semana que estoura uma operação brasileira (para identificar fraudes no leite) ocorre essa destruição (de caixas de longa vida). Só isso já leva a uma suspeita. Estamos acompanhando – disse o superintendente da PF no Estado, Ildo Gasparetto.

Empresa promete prova de incidente com andaime
Segundo o assessor jurídico da Nutrilat, André Roberto Mallmann, as embalagens de leite enterradas fazem parte de um lote de caixas que caiu de um andaime em um depósito e que foram danificadas, confirmando informações divulgadas na sexta-feira pelo grupo Bom Gosto (controlador da Nutrilat desde 8 de outubro, quando comprou a empresa). Mallmann disse que a empresa tem um documento emitido por um fiscal do Ministério da Agricultura orientando a inutilização das embalagens danificadas pela queda. Nesta semana, a empresa deve divulgar esse laudo à imprensa, juntamente com uma nota oficial esclarecendo o caso, informou.

Técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) vão fazer uma vistoria hoje na região, para verificar a extensão do local atingido e dar um destino às embalagens.

Assessor reconhece que erro foi enterrar o leite embalado

A quantidade de caixas não foi contabilizada, mas acredita-se que o número seja superior a três mil apenas em Alto Pinheiral, onde foram encontradas na sexta-feira. Segundo o engenheiro químico da Fepam, Renato das Chagas e Silva, a Nutrilat tinha autorização, por meio de uma licença ambiental, para depositar no local apenas o lodo industrial que resulta do sistema de tratamento de efluentes líquidos da empresa. Este tipo de resíduo é rico em gordura e matéria orgânica – comumente usado como adubo.

– É algo inadmissível terem descartado caixas lacradas e cheias. O material não é degradável e a empresa teria diversas alternativas para dar um fim ao produto – diz.

A propriedade onde foram encontradas as caixas na sexta-feira pertence ao vice-prefeito de Fazenda Vilanova, José Rodolfo Reis. De acordo com Reis, a empresa tem livre acesso ao local, por ter licença ambiental, e ele não chega a controlar o tipo de material que é despachado ali.

– Quero saber o que foi feito de errado nas minhas terras – diz Reis.

Mallmann garante que, assim como o vice-prefeito, o produtor da área de Glória não tem controle sobre o que é depositado no terreno. O assessor disse que o leite localizado ontem também é resultado do incidente de carga que danificou o produto.

– O erro não foi o acidente nem a inutilização dos lotes, mas sim ter enterrado o produto – reconhece Mallmann.