Brasil – rota de drogas
O relatório, divulgado pelo Escritório da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (Unodc), informa que, segundo autoridades de Guiné Bissau, cerca de 60% da cocaína que chega ao país passam pelo Brasil e 40% vêm diretamente da Colômbia. As apreensões da droga no oeste da África passaram de 33 toneladas em 2005, para 40 toneladas em 2007, um aumento de mais de 20%.
O fato, segundo o representante do Unodc para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, tem a ver com as relações estreitas entre Brasil e África. Por várias razões, tanto comerciais quanto culturais, o Brasil tem muito intercâmbio com os países da África. Então, se detectou nas apreensões, sobretudo em Guiné Bissau e Cabo Verde, que a cocaína chegava do Brasil, explicou.
Entre as recomendações contidas no documento, a Jife diz que é preciso fortalecer a cooperação das autoridades brasileiras com os organismos policiais dos países da África para a investigação e o julgamento de todos os envolvidos.
Segundo o delegado da Polícia Federal Roberto Troncon, o governo brasileiro já iniciou cooperação com outros países nesse sentido. Desde fevereiro, 32 policiais estrangeiros estão sendo treinados nos cursos regulares de formação da Polícia Federal. Metade deles oriundos de países de língua portuguesa e outra metade dos nossos países irmãos aqui da América do Sul, destacou.
Troncon disse que a iniciativa tende a ser ampliada. Num segundo momento, está previsto o envio de missão de policiais especialistas para esses países que nos demandaram, entre os quais está Guiné Bissau, para se fazer uma avaliação não só da legislação, mas também das condições tecnológicas e necessidades prementes de capacitação e, a partir daí, formatar um apoio e uma assistência específica para as condições daquele país, afirmou.
Dados do Unodc mostram que há no mundo 14,3 milhões de usuários de cocaína. Em 2006, de toda a plantação mundial de coca, 50% estavam na Colômbia, 33%, no Peru, e 17%, na Bolívia. O Brasil tem fronteira com os três países que controlam a produção mundial da substância.
O relatório mostra que as organizações se aproveitam da situação geográfica do país e das zonas escassamente povoadas da selva amazônica para transportar pasta de coca e cocaína, fazendo com que cheguem, posteriormente, à África, à Europa e à América do Norte.