Brasil volta a ter representante no Comitê Executivo da Interpol
Durante a última Assembleia Geral da Interpol, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de setembro, o Brasil venceu as eleições para a vaga destinada à América do Sul no Comitê Executivo da maior organização policial do mundo. O Delegado Federal Dr. Rogério Galloro irá compor o comitê até 2020.
Dr. Galoro tem 22 anos de carreira policial. Sua experiência internacional iniciou quando coordenou o projeto do novo passaporte brasileiro, lançado em 2006. Para viabilizar o processo, precisou fazer interface com diversas realidades, viajando e integrando diversos organismos, grupos de trabalho e seminários internacionais. A experiência culminou com a missão como adido policial brasileiro em Washington (EUA), que exerceu entre 2011 e 2013.
O Delegado Federal ressalta a importância do retorno de um representante brasileiro à Interpol, a honra que isso representa à classe dos Delegados e reafirma o compromisso do Brasil com cooperação e segurança internacional.
“É uma eleição muito difícil, muito concorrida, e que traz um grande prestígio para a instituição Polícia Federal e para o país. Deste modo, é uma grande honra ocupar o cargo e isso demonstra como o Brasil está preocupado em estar sempre presente no Comitê Executivo e na Interpol como um todo”, afirma Galloro.
O Brasil e a Interpol
O Brasil ingressou na Interpol oficialmente em 1956, participação que foi formalizada em 1963. Dois anos depois o país teve um primeiro representante no Comitê Executivo, cargo que posteriormente foi ocupado pelo ex-Diretor Geral da PF Dr. Romeu Tuma (de 1991 a 1999), pelo Dr. Zulmar Pimentel (2006 a 2008) e pelo Dr. Jorge Pontes (2009 a 2011).
Nas últimas décadas a Polícia Federal intensificou sua atuação internacional. Em 1999 foram criadas quatro adidâncias (na Argentina, na Colômbia, no Paraguai e na França). Em 2008, o projeto “DPF no Mundo” expandiu o total de adidâncias para 16, criando ainda um número grande de oficialatos de ligação, que é uma presença menos formal, mas que leva a PF para outros países.
“Já temos uma participação policial e de cooperação muito ativa, mas faltava uma participação mais política, mais estratégica dentro da Interpol. Já temos policial na Secretaria Geral, em Léon, policiais no Escritório de Inovação Tecnológicas em Singapura e no escritório regional em Buenos Aires. Entretanto, queríamos mais do que isso”, explica o Dr. Galloro.
O Brasil havia se candidatado ao Comitê Executivo em 2014, ocasião em que não foi eleito, perdendo a vaga para a Argentina. O êxito na Assembleia Geral deste ano, contudo, foi expressivo, já que o país foi eleito com uma margem bastante confortável de votos junto aos 190 países representados.
A maior autoridade da Interpol é a Assembleia Geral – chefiada pelo presidente da entidade, Meng Hongwei (China), que reúne os países membros uma vez por ano para a tomada de decisões superiores. No âmbito da Secretaria Geral (Léon/França) são executadas as tarefas diárias da Interpol e cumpridas as decisões da Assembleia. Lá o Secretário-geral, Jürgen Stock (Alemanha), os diretores e membros de vários países (atualmente o Brasil cede cinco policiais para trabalhar em Léon) mantêm atividades constantes.
Já o Comitê Executivo posiciona-se entre a Secretaria Geral e a Assembleia Geral, fiscalizando se a secretaria está cumprindo as decisões dos países membros. Além disso, o órgão promove ideias, inovações e propõe mudanças para a instituição, que podem ser apresentadas na Assembleia Geral.
Na prática, a participação do Dr. Rogério Galloro no Comitê será desempenhada através de quatro reuniões, três delas em Léon e uma na Assembleia Geral. Além da participação constante por via eletrônica na fiscalização das atividades da Secretaria Geral e principalmente o cumprimento das decisões que foram tomadas na Assembleia Geral, tanto pela secretaria quanto pelos países.
Reconhecimento pelo trabalho
A Polícia Federal possui um excelente relacionamento na Interpol. O Brasil é membro antigo da entidade, porém, os grandes eventos realizados nos últimos anos – como Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos – trouxeram uma relação muito mais próxima, num prazo curto, com a comunidade internacional, sob o olhar atento e presente da Interpol.
“Nos dois Centros de Cooperação Policial Internacional montados para as competições, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro, mais de 200 policiais conviveram diariamente tentando solucionar todos os problemas que surgiam. Essa operação mostrou ao mundo o quanto a PF está preparada para cooperação internacional, prender fugitivos, tomar providências imediatas no combate ao terrorismo, combater imigração e outros crimes”, pontua Dr. Galloro.
O Delegado Federal ainda esclarece que o compromisso do país, e em especial da Polícia Federal, garantiu um papel importante nos processos de cooperação policial internacional e, com a vaga no conselho, de tomada de decisões.
“O Brasil foi destino de criminosos internacionais durante os últimos 40 anos, como era inclusive retratado em filmes, mas deixou de ser em 2015, ano que batemos recorde mundial de prisões internacionais (56). Cerca de 70% ou 80% de todos os crimes que a Polícia Federal investiga tem reflexo internacional, ou o criminoso vem do exterior para cá ou vai para lá, além de tráfico de mercadorias, lavagem de dinheiro, entre outros”, afirma.
Nesse contexto é que se dá a grande importância da atuação da Interpol, justamente porque ela faz esse link entre as polícias do mundo. O modelo descentralizado de cooperação utilizado nos processos da operação para grandes eventos (tratados aqui na Revista Delegados Federais: Pág 10) vem sendo elogiado por diversos organismos internacionais e colocam o Brasil e a PF em um espaço mais central na polícia internacional.
“Os últimos grandes eventos nos aproximaram demais da comunidade internacional. Muito por isso nós decidimos começar a fazer parte de uma maneira mais estratégica, influenciando os rumos da polícia internacional para os próximos anos e fazendo valer o reconhecimento da PF e dos países latinos”, comemora o membro do Comitê Executivo da Interpol.
Um dos mais importantes meios de atuação da Interpol é o mecanismo de difusões criado por ela através de um sistema de monitoramento internacional (24h por dia, 7 dias por semana). Nesse sistema, adotado por todos os membros, são divulgados alertas em cores. O mais famoso desses alertas é o vermelho, de procurados internacionais com mandados de prisão e extradição. No Brasil esse sistema é interligado a diversos outros da própria PF, dos aeroportos, portos e fronteiras. Quando um criminoso passa por um canal, ele é detectado e preso.
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