Briga entre poderes
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não gostou do que viu, reclamou e pode vetar outras ações dessa natureza. Tarso afirmou, na última quarta-feira, que a ação da PF nas dependências da Câmara não era irregular.
Chinaglia disse ontem que está à espera da resposta de Tarso Genro sobre o episódio. O deputado defendeu a realização das investigações, mas destacou a necessidade de se preservar o espaço público. O primeiro direito é do povo brasileiro de usar as dependências da Câmara, afirmou. A Câmara sempre colaborou com investigações, acrescentou.
Não é a primeira vez que a Polícia Federal faz operações em prédios públicos, inclusive no Congresso. Para o delegado da Operação Santa Teresa, Rodrigo Levin, isso não é um problema, mas se houver a proibição, as investigações poderiam ser prejudicadas. E isso já aconteceu há alguns anos, quando a PF descobriu um esquema de empresas que faziam negócios com o governo e também com o Parlamento. Ao avisar o Senado, onde estavam os principais alvos, os agentes não conseguiram seus objetivos, fracassando em parte a apuração do caso.
Também foi uma das primeiras operações da PF desde março de 2007, quando o ministro assumiu, que expôs um forte aliado do governo, o deputado Paulinho da Força (PDT-SP). Ele é citado várias vezes pelos acusados, um deles seu ex-assessor João Pedro de Moura, flagrado pela PF usando as dependências do gabinete do parlamentar. Tarso negou que Paulinho esteja sendo investigado, mas sua exclusão do inquérito pode ter sido uma estratégia legal adotada durante a apuração dos desvios de verbas do BNDES. Se seu nome fosse mantido, o caso deveria ser encaminhado para instâncias judiciais superiores, atrasando a realização da Operação Santa Teresa.