Caixa deve responder por desvio no PAC
“A Caixa tem que controlar seus funcionários. Qualquer coisa que tenha havido nas prefeituras é com quem assinou os contratos. É comigo? Não. O contrato é assinado com a Caixa”, disse Fortes, tentando eximir sua pasta de participação no esquema de fraude em contratos e desvio de recursos públicos de obras com verbas federais, parte delas incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), investigado pela PF.
Depois de demitir dois funcionários suspeitos de integrarem a quadrilha, Márcio Fortes disse à Folha que é preciso apurar a participação de servidores da Caixa na fraude. Ele justifica dizendo que paga até 2,5% das obras para a Caixa analisar projetos, fiscalizar e monitorar as ações programadas pelo ministério.
Por meio da assessoria de imprensa, a CEF disse que não se manifestará sobre o assunto. Limitou-se a informar que não foi procurada pelas autoridades e que está à disposição para qualquer esclarecimento.
Na operação, deflagrada na sexta-feira passada, a PF identificou que a quadrilha executava as obras de saneamento e de construção de casa popular com padrão de qualidade inferior ao previsto no projeto original. Segundo as investigações, R$ 700 milhões teriam sido repassados pela União a 119 cidades. Os repasses para emendas e convênios investigados e que foram suspensos somam R$ 2 bilhões. Deputados, prefeitos, empresários, lobistas e funcionários de prefeituras e do Ministério das Cidades foram identificados como integrantes do esquema.
“Qualquer montagem na ponta só pode ser com funcionário da Caixa. É alguém que atesta obra de baixa qualidade como se fosse de boa qualidade. Não é funcionário meu”, alegou o ministro.
Ele afirmou que é com a CEF que municípios e Estados assinam os contratos e que autoriza os pagamentos conforme o nível de execução das obras.