Candidato ao governo de Alagoas, Ronaldo Lessa é indiciado pela PF
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) pelo suposto envolvimento com o desvio de R$ 14 milhões das obras de macrodrenagem do Distrito Industrial de Maceió, valor que, atualizado pela taxa Selic, chegaria a R$ 46 milhões. O indiciamento se deu nesta quarta (27), cinco dias antes do segundo turno das eleições, marcado para o próximo dia 31, quando o pedetista enfrentará nas urnas o atual governador, Teotônio Vilela Filho (PSDB), que concorre a reeleição.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Felipe Vasconcelos Correia, há fortes indícios de que Ronaldo Lessa tenha participado de um esquema de desvio de verbas. A PF também indiciou o empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, responsável pela obra do Distrito Industrial, o ex-governador de Alagoas Manoel Gomes de Barros, que comandava o estado na época da licitação, o secretário de Infraestrutura da gestão Lessa, Fernando de Souza, e dois membros da comissão de licitação da obra, cujos nomes não foram divulgados.
Os indícios de irregularidades foram detectados pela PF em 2007, quando a Operação Navalha foi deflagrada em Alagoas e mais nove unidades da Federação. A parte inicial da investigação foi feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Os órgãos encaminharam a documentação à Polícia Federal, que instaurou o inquérito no ano passado.
"O Ronaldo Lessa foi intimado pessoalmente e também através do advogado, mas em nenhuma das vezes compareceu. O inquérito tinha prazo, que venceu no dia 26. Por isso, fizemos o indiciamento indireto", disse Felipe Vasconcelos, ao Correio. Segundo o delegado, o inquérito foi encaminhado à 2ª Vara da Justiça Federal de Alagoas.
Ronaldo Lessa foi indiciado pelos crimes de peculato, formação de quadrilha e crime ambiental. Procurado, o advogado do pedetista, José Fragoso, alegou que na data inicial em que Lessa teria de prestar depoimento o delegado não pôde ouví-lo e nas outras tentativas, o candidato estava em campanha pelo estado.
"Pedimos para marcar para logo depois das eleições, no dia 1º, mas acabamos surpreendidos pelo indiciamento sem que o Ronaldo sequer tenha sido ouvido. Acho muito estranho que isso tenha ocorrido na reta final da campanha", disse o advogado. Em resposta, o delegado do caso classificou a reclamação como "balela" do advogado. "Já não tinham diligências para serem feitas e o prazo do vencimento do inquérito venceu."
Fonte: Correio Braziliense