Casa de Yeda em debate na CPI
Pela primeira vez desde o início dos trabalhos da CPI do Detran, um tema proposto pelos aliados do Palácio Piratini se tornou ontem o principal alvo de polêmica na comissão.
Para surpresa dos deputados de oposição, o líder do governo, de Márcio Biolchi (PMDB), leu um documento assinado por delegados da Polícia Federal (PF). O texto informava que não havia, no inquérito que apurou a fraude milionária do Detran, referência a supostas irregularidades na compra da casa da governadora Yeda Crusius no bairro Vila Jardim, na Capital, por R$ 750 mil. Nas últimas semanas, o interesse pelo caso havia diminuído na CPI em razão da queda de Ariosto Culau da Secretaria do Planejamento e da proximidade do depoimento de Lair Ferst, empresário ligado ao PSDB.
O Piratini havia bolado a estratégia para rebater a afirmação feita à CPI no dia 24 de abril pelo delegado da Polícia Civil Luiz Fernando Tubino de que supostamente estaria em poder da PF a cópia de um cheque de R$ 400 mil, de Ferst, que teria sido usado na aquisição da casa.
A casa de Yeda custou R$ 750 mil. O valor foi pago da seguinte forma: a governadora assumiu dívida do antigo proprietário, Eduardo Laranja, no valor de R$ 210 mil, deu cheque em seu nome, do Banco do Brasil, no valor de R$ 500 mil, e outros R$ 40 mil em dinheiro.
Pouco antes das 14h, o secretário da Segurança, José Franciso Mallmann, chegou à Assembléia com o documento dos federais. Mallmann, que havia entregue à governadora a resposta da PF em 29 de abril, repassou o material ao presidente da Assembléia, Alceu Moreira (PMDB), e ao presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT). No encontro estavam presentes o deputado Adilson Troca (PSDB), o líder do governo, Márcio Biolchi (PMDB) e o chefe da da Casa Civil, Cézar Busatto.
A leitura do texto fez a oposição reagir. Elvino Bohn Gass (PT) disse que o destinatário do documento não era a CPI, e sim Tubino. Acrescentou que ainda faltavam esclarecimentos sobre o valor do negócio. O petista apresentou uma escritura do apartamento em Capão da Canoa, que Yeda disse ter vendido a fim de usar o dinheiro na compra da casa. Segundo Bohn Gass, o apartamento de Capão da Canoa está indisponível e, por isso, não pode ser vendido.
Mallmann disse que a própria governadora lhe havia pedido que buscasse as informações junto à PF. Busatto disse a repórteres que a iniciativa de buscar informação havia sido de Mallmann pelo fato de ser titular da pasta à qual Tubino é subordinado.
Saiba mais
– A compra da casa foi mencionada pela primeira vez na CPI do Detran pelo deputado Paulo Azeredo (PDT) no dia 14 de abril. Azeredo perguntou se o secretário de Governo de Canoas, Francisco Fraga, tinha conhecimento de que uma casa na Rua Araruama tinha sido comprada com sobras de campanha. Azeredo citou o número da matrícula do imóvel da governadora Yeda Crusius.
– Questionada na Rádio Gaúcha, Yeda disse que comprou casa com o dinheiro da venda de apartamento em Brasília, de outro em Capão da Canoa e de economias.
– A CPI descobriu que, além de não estar no nome de Yeda, o imóvel de Capão está alienado.
– Em depoimento à CPI no dia 24 o delegado Luiz Fernando Tubino disse ter sido informado de que nas investigações da Operação Rodin havia sido identificaod um cheque de Lair Ferst no valro de R$ 400 mil e que esse dinheiro teria sido usado na compra da casa de Yeda. A PF negou.