Caseiro condenado no DF pode recorrer da decisão

12 de dezembro de 2007 12:57

O caseiro Bernardino do Espírito Santo Filho ainda pode recorrer da decisão que o condenou a 65 anos de prisão pela morte da estudante universitária Maria Cláudia DelIsola. O julgamento terminou na madrugada desta quarta-feira (12).
Bernardino foi condenado a 65 anos de reclusão: 30 anos por homicídio triplamente qualificado; 12 anos e seis meses por estupro; 12 anos e seis meses por atentado violento ao pudor; três anos por ocultação de cadáver; sete anos por furto qualificado.
O crime ocorreu em dezembro de 2004 e chocou a população de Brasília. De acordo com a acusação, o caseiro e a empregada Adriana de Jesus estupraram, estrangularam e esfaquearam a estudante e guardaram o corpo dentro da casa da vítima.
Os advogados de Adriana de Jesus já entraram com recurso contra a condenação por atentado violento ao pudor, estupro e ocultação de cadáver. Por esses três crimes, Adriana foi condenada a 28 anos de prisão, somados a 30 anos pelo crime de homicídio.

Defesa
O advogado de Bernardino, André Ávila, insistiu na tese de que o crime não foi cruel e tentou mostrar aos jurados que Maria Cláudia não sofreu tantas agressões. Reiteração de golpes de faca e pá. Está provado que não houve. Só há uma lesão. Essa pá é incapaz de bater em uma cabeça e não produzir uma lesão. Ela não é tão discreta assim, disse Ávila.
A defesa de Adriana de Jesus, por sua vez, manteve a linha adotada desde o início do julgamento. O defensor Michel Lima persistiu na versão de que a empregada não participou do crime. A sua presença, neste momento, era tanto desnecessária para ajudar Bernardino a cometer o seu crime, como não só isso, ela o atrapalharia.
Já a acusação rebateu todos os argumentos, apresentando um laudo médico e mostrando fotos do corpo da estudante para justificar a crueldade. O promotor foi enfático ao dizer que não houve chance para que Maria Cláudia escapasse.
Mexa-se. Não consigo porque o pescoço está amarrado. Mexa o pé. Não consigo porque os meus pés estão amarrados. Simule com a mão. Não consigo porque as minhas mãos também estão amarradas. Então, que chance de defesa essa pessoa tem? Nenhuma, senhores jurados, nenhuma, questionou o promotor.

Comoção
Após a decisão da justiça, a família de Maria Cláudia DelIsola se uniu para rezar e foi até o juiz em sinal de agradecimento.
Sabemos que a nossa dor continuará a ser nossa, enquanto tivermos força, enquanto permanecermos em vida. Mas sabemos também que uma penação dessa ordem freia muitos instintos ruins de pessoas que não merecem viver em sociedade, afirmou o pai de Maria Cláudia, Marco Antônio DelIsola.