Caso Petrobras: furto foi no contêiner

22 de fevereiro de 2008 10:57

Os equipamentos furtados da Petrobras estavam parte em um contêiner-cabine – espécie de escritório flutuante – e parte em uma caixa para transportes de materiais pesados, e ambos permaneceram algumas horas juntos no terminal da Poliportos, no Rio, no dia 25 de janeiro, antes de serem transportados para Macaé. Para a equipe da Polícia Federal (PF) que investiga o furto, a principal hipótese é que o crime tenha ocorrido nesse mesmo dia, na Poliportos, que fica na zona portuária do Caju.

Fontes da PF confirmaram ontem essa versão. Até agora, acreditava-se que todo o material furtado era do contêiner. Tanto o contêiner como a caixa estavam a bordo do navio-sonda NS-21, no megacampo de Júpiter (Bacia de Santos), e foram violados. Paulo Roberto Dalmazzo, presidente da Poliportos (atualmente Bric Brazilian Intermodal Complex), afirmou que desconhece qualquer violação. Ele frisou que a empresa armazena as cargas da Petrobras, e que qualquer esclarecimento cabe à estatal.

A delegada Carla Dolinski, que preside o inquérito, estará hoje na sede da PF no Rio para ouvir funcionários da Poliportos. Uma das razões para as suspeitas sobre o terminal é seu precário sistema de segurança. Não há nem circuito de TV, como constataram agentes da PF. Ontem, em Macaé, três funcionários da Petrobras que trabalham no terminal prestaram depoimento. No total, cerca de 20 pessoas já foram ouvidas.

Na caixa, estavam uma Unidade Central de processamento (CPU, na sigla em inglês), além de um computador clone, dois discos rígidos de 320 GB, dois pentes de memória e um gravador de DVD. A caixa foi despachada para o porto porque houve falha técnica na CPU.

Poucos dias depois, em 18 de janeiro, o contêiner foi despachado para o porto. Ficou lá de 25 a 29 de janeiro. Ainda no dia 25, um caminhão da Transmagno levou a caixa do Rio para Macaé, entregando-a na Halliburton, contratada pela Petrobras para fazer perfuração em Júpiter. A caixa chegou sem o lacre, segundo fontes da PF. Funcionários da empresa americana que a manusearam, no entanto, não teriam se preocupado em checar se os equipamentos no seu interior haviam sido violados. Limitaram-se a colocar a CPU em um galpão da Halliburton.

O contêiner só chegou à Halliburton dia 30, quando empregados detectaram que o lacre havia sido violado e o cadeado, trocado. Notaram ainda a ausência de três laptops HP Compaq, um laptop IBM Thinkpad e uma impressora. Só então decidiram checar a CPU, e constataram que os discos rígidos, os pentes, o gravador de DVD e o computador clone também haviam sumido.

Há uma confusão de datas sobre quando esses furtos teriam sido detectados. No registro de ocorrência feito na Polícia Civil por Guilherme da Silva Vieira, da Halliburton, na 123ª DP (Macaé), o desaparecimento do material do contêiner teria sido identificado dia 30, e o sumiço das peças da CPU, dia 31. A PF trabalha com ambos os furtos constatados dia 31. A CPU foi enviada para perícia no Rio.

A 123ª DP abriu inquérito na segunda-feira, porque mesmo que o furto tenha ocorrido fora de sua jurisdição, a Transmagno tem sede em Macaé. O inquérito foi remetido para a Chefia de Policia Civil do estado, no Rio, e poderá resultar na designação de um delegado para o caso.

Para o empresário Eike Batista, que também investe em petróleo, foi um “desastre”, mas sem conseqüências graves:

– Acho difícil que em um contêiner haja toda a inteligência da Petrobras. Ali, é só um pedaço da equação, tem de juntar o todo.