Caso Petrobras: furto na Poliporto
A Polícia Federal (PF) tem os indícios necessários de que os três furtos de equipamentos da Petrobras aconteceram na zona portuária do Rio, no terminal da Poliporto, que presta serviços para a estatal. Apesar de as duas caixas e o contêiner violados terem ficado juntos na Poliporto dia 24 de janeiro, os furtos não aconteceram necessariamente no mesmo dia, segundo fontes envolvidas nas investigações. Essas são as principais avaliações que constarão no laudo que será finalizado no fim de semana e entregue entre segunda e terça-feira ao governo.
Na quinta-feira, a PF de Macaé recebeu a queixa da Halliburton – que era responsável pelos equipamentos – sobre o terceiro furto. Trata-se de uma caixa, com apenas uma CPU, oriunda da sonda SS-45 (Atlantic Star), que já esteve na Bacia de Campos e se encontra na Bacia de Santos. Foram furtados, segundo a Halliburton, um gravador de DVD e um HD, que estava danificado. A caixa chegou à Poliporto em 19 de janeiro e ficou até quinta-feira passada, quando foi para a Halliburton em Macaé. A SS-45 estava realizando perfuração num poço no bloco S-M-790.
– Os equipamentos ficaram juntos pelo menos um dia inteiro em Macaé. A primeira caixa violada saiu da Poliporto 24 de janeiro, dia em que o contêiner chegou. Até agora, para nós, os equipamentos foram roubados em um período de dias, e não em um só dia. Os funcionários da Halliburton estão mais cuidadosos e avisando à PF imediatamente – diz a fonte.
O contêiner-escritório que saiu do navio-sonda NS-21, na Bacia de Santos, ficou na Poliporto de 24 a 29 de janeiro, quando foi levado pela Transmagno a Macaé. A primeira caixa cuja violação foi divulgada saiu da Poliporto em 24 de janeiro, também levada pela Transmagno, mas não se sabe quando chegou. E a outra caixa chegou à Poliporto em 19 de janeiro, saindo em 21 de fevereiro.
O terceiro furto teve novos personagens. A empresa que fez o transporte da caixa chama-se HM, e o motorista será ouvido hoje pela PF. Na sexta-feira, os equipamentos – com peças furtadas – foram levados para o Rio e seguiram para Brasília. Está a cargo do Instituto Nacional de Identificação a análise do material, que também só deve ser concluída semana que vem. A HM, que tem matriz no Rio e filiais em Macaé e São Paulo, não se pronunciou.
A partir desta semana, a investigação ficará concentrada no Rio. Além de dois agentes da PF de Macaé, um delegado de Brasília está de reforço na Poliporto. Segundo a fonte, ainda falta ouvir os funcionários da Atlas, que presta serviços de segurança à Poliporto.
A investigação será baseada em entrevistas, pois a Poliporto não tem sistema interno de segurança. A fonte afirmou que a Petrobras sabia disso quando contratou a companhia para armazenar seus equipamentos. Mas, por determinação da estatal, a Poliporto já prepara a instalação de câmeras.
Tarso Genro: crime é “questão de Estado”
Ontem, quatro funcionários da Halliburton foram ouvidos pela PF em Macaé – três estavam retornando para falar sobre o terceiro furto. Segundo a fonte, os funcionários da empresa americana podem responder a processo, pois poderiam ter facilitado o acesso. Todos os funcionários envolvidos no caso estão temporariamente afastados das atividades da empresa. Amanhã, Guilherme da Silva Vieira, primeiro funcionário a fazer a queixa, será ouvido. O advogado da Halliburton, Bruno Justu, não fez declarações.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que não há linha de investigação fixada e esse tipo de crime deve ser tratado como questão de Estado:
– Tratar o caso como questão de Estado não significa que seja espionagem industrial. Significa que interessa ao Estado fechar as escotilhas para que isso não chegue a atingir informações reservadas que interessam ao Brasil.