Caso Petrobras: outros furtos na Halliburton
A Polícia Federal já sabe que outros furtos ocorreram em equipamentos da Halliburton no ano passado, dentro do terminal Poliporto, uma área portuária privada, no Rio. Ontem, o delegado da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão), José de Moraes Ferreira, informou que não houve nenhum registro naquela área em 2007. Mas, segundo a PF, que investiga se teria sido este o local do furto dos dados da Petrobrás, os casos não teriam tido realmente registro policial no Rio, mas sim no destino final da carga.
Agentes federais procuram agora levantar, em outras empresas, ocorrências de desaparecimento de equipamentos que possam ter acontecido no terminal de contêineres. A polícia está cada vez convencida de que o furto teria sido crime comum, mas ainda não está afastada a possibilidade de espionagem industrial.
Ontem, o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, reforçou que a hipótese de furto comum não foi descartada, a exemplo de declarações feitas anteontem pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.
O que temos de ter presente é que, havendo um furto numa instituição que tem uma marca que se confunde com a imagem do País, tem de apurar. Não vamos antecipar. O superintendente (da PF no Rio, Valdinho Jacinto Caetano) foi muito claro nisso em sua entrevista: não estamos desconsiderando nenhuma delas, disse Corrêa. Segundo ele, a afirmação de que o caso tenderia mais para espionagem foi interpretação da imprensa.
Em entrevista concedida logo após o vazamento do caso, Caetano afirmara que os primeiros indícios apontavam para a tese de espionagem industrial. Havia basicamente material de escritório e alguns laptops (no contêiner). E se privilegiou o roubo desses, o que nos leva a descartar a hipótese de roubo comum, afirmou na ocasião.
Por meio de depoimentos tomados nos últimos dias, a polícia já descobriu que os ladrões violaram os lacres do material transportado das plataformas usando uma técnica que dificultava identificar a violação, mesmo quando estes lacres eram manuseados. Isso, segundo investigadores, justificaria como as cargas saíram do terminal do Rio com os caminhoneiros garantindo que elas estavam em perfeito estado, sem lacres violados.
Ontem, a delegada responsável pelo caso, Carla Dolinski, ouviu o motorista identificado como Paulo, da Transportadora HM, que na semana passada transportou uma caixa contendo um computador do qual foram furtados um HD defeituoso e um drive de DVD. O equipamento estava desde 19 de janeiro no terminal Poliporto, vindo da plataforma Atlantic Star, na Bacia de Santos, e foi transferido para a Halliburton em Macaé na quinta-feira passada. Ao chegar em Macaé é que perceberam que a caixa havia sido violada, no terceiro ataque contra a estatal este ano.