Com novo comando, Polícia Federal busca ação mais discreta

17 de outubro de 2007 07:00

A busca pela discrição marcou ontem a Operação Persona, a primeira grande ação da Polícia Federal sob a direção do delegado Luiz Fernando Corrêa, que tomou posse no dia 3 de setembro. Em discurso público na ocasião, ele afirmou explicitamente que, ao colocar suas equipes na rua para cumprir mandados de prisão, a PF iria buscar maior proteção da imagem das pessoas envolvidas, mas que isso não significaria desacelerar a atuação do órgão.

A linha é uma orientação explícita do ministro da Justiça, Tarso Genro, que classifica como “protagonismo desnecessário” a conduta da PF nas megaoperações que marcaram a gestão de Paulo Lacerda. Antecessor de Corrêa, Lacerda conduziu o órgão desde janeiro de 2003, período no qual a PF se consolidou como a instituição que tem o maior índice de confiança da população brasileira, conforme pesquisa da Associação dos Magistrados do Brasil.

Apesar do sucesso, a PF foi alvo de duras críticas, principalmente de advogados e do Judiciário pela atuação em megaoperações, como a Hurricane, que tornou público um esquema de venda de sentenças judiciais e levou três desembargadores federais à prisão.

Na Operação Persona, até o fechamento desta edição, haviam sido presas 28 pessoas em São Paulo e Santos-de um total de 44 alvos em três Estados. Os investigados foram levados para a Superintendência da PF na capital paulista. Também foram presos alguns acusados na Bahia e no Rio de Janeiro.

Em operações anteriores em São Paulo, os presos costumavam chegar em veículos que paravam no estacionamento localizado ao lado do prédio e caminhavam até o edifício-sede na frente de repórteres e cinegrafistas. Ontem, das 9h às 16h, a reportagem registrou somente a entrada de dois presos algemados caminhando no estacionamento ao lado do prédio.

O procedimento está regulamentado em um novo manual, elaborado ao final da gestão de Lacerda, diante das críticas sofridas, e agora implementado por Corrêa. O uso de sirenes dos carros também foi reduzido, apesar de não haver um padrão sobre o uso ou não do equipamento em operações.

A entrevista coletiva em que Polícia Federal, Receita e Ministério Público Federal apresentaram à imprensa os detalhes da Operação Persona foi em Brasília, distante do pólo mais importante da investigação -São Paulo. Em outras operações, na gestão de Lacerda, o balanço foi feito no local que concentrou as atividades.

Ainda assim, em São Paulo, a assessoria de imprensa da PF disse que não houve nenhuma ordem para mudar a conduta em relação à cobertura da mídia nesta operação.

Segundo a assessoria, o estacionamento dos fundos foi usado devido à dimensão da Operação Persona, para a qual foram destacados 650 servidores, e os carros envolvidos nas apreensões e nas prisões não caberiam no estacionamento ao lado do prédio da Superintendência em São Paulo.
(VERENA FORNETTI e ANDRÉA MICHAEL)