Com Soraya Thronicke, do União Brasil, ADPF inicia projeto “Diálogo com Presidenciáveis”
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, recebeu, nesta quarta-feira (31/08), a candidata à Presidência da República Soraya Thronicke, senadora do Mato do Grosso do Sul pelo União Brasil. Ela tem sido a única candidata a defender, publicamente, o projeto de autonomia da Polícia Federal com mandato para o cargo de diretor-geral da instituição. A presidenciável compareceu à sede da entidade, em Brasília, para discutir o tema em uma entrevista gravada e disponibilizada no canal da associação, no YouTube.
A senadora Soraya Thronicke tem 49 anos, é advogada e presidente do União Brasil Mulher, núcleo do partido que discute a presença feminina na política. É presidente ainda da Frente Parlamentar no Senado Federal para a Transparência dos Gastos Públicos. Do encontro, além do presidente da ADPF, também participou a delegada Viviane da Rosa, diretora da associação e representante da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol).
Luciano Leiro, ao abrir a conversa, explicou que desde que houve o registro das candidaturas a ADPF convidou todos os candidatos, inclusive o atual Presidente da República, para este projeto “Diálogo com Presidenciáveis”, visando discutir ideias, mostrar nossas demandas para a Polícia Federal, para a categoria e para a segurança pública, de forma apartidária, porque, segundo ele, assim deve ser a entidade e a própria Polícia Federal. Neste sentido, destacou que o ponto principal é que a PF possa trabalhar blindada de qualquer tipo de questionamento sobre possíveis ingerências, interferências, razão pela qual, desde 2009, a ADPF trabalha pela aprovação no Congresso Nacional da PEC 412, da autonomia da PF.
Entre as sugestões da entidade apresentada aos candidatos está, justamente, o mandato de diretor-geral, como forma de proteger a PF e o próprio governante, já que irá blindá-lo de pressões e solicitações externas. Leiro ressaltou que este formato da autonomia e do mandato pode ser feito de várias formas e que a ADPF está aberta à discussão. Neste sentido, inclusive, outra forma de autonomia é garantir ao Diretor-Geral, por decreto, a competência para nomeação de diretores e superintendentes, sem a intermediação da Casa Civil ou do Ministério da Justiça, evitando assim que haja um componente político. O concurso público também foi tema do encontro, já que a polícia federal tem ainda 3 mil vagas para policiais federais.
Foi sugerido pelo presidente da ADPF um projeto de lei, de iniciativa do Executivo, com um gatilho para que automaticamente se abra um concurso público. Leiro salientou que o aumento do efetivo trará certamente um aumento dos valores que a Polícia Federal traz todos os anos no combate à corrução e outros crimes, muito maior do que o custo efetivo de 3 mil novos policiais, já que não há gasto com a polícia, mas, sim, investimento.
Na conversa com a candidata do UB, Leiro lembrou, ainda, das muitas perdas da categoria de policiais federais, seja na questão dos benefícios previdenciários, seja na falta de recomposição salarial. Salientou que os delegados recebem somente o subsídio e tem dedicação exclusiva, não tendo qualquer outro auxílio financeiro, como outras carreiras. O presidente da ADPF afirmou que atualmente a carreira de delegado de polícia é a menos atrativa das carreiras jurídicas, pela falta de valorização, e que isso tem consequências negativas claras para a própria Polícia Federal.
Soraya Thronicke, por sua vez, defendeu de forma contundente a autonomia da Polícia Federal e um mandato para diretor-geral, de tal forma a nunca coincidir com o mandato da Presidência da República. A senadora destacou a importância da autonomia para o trabalho da PF, com segurança, a fim de evitar qualquer interferência, pois a Polícia Federal é órgão de Estado e não de governo. A candidata ressaltou que não entende qual a dificuldade que se coloca nestas questões e cobrou o compromisso dos demais candidatos sobre o tema.
Ela fez menção, ainda, ao papel fundamental da Polícia Federal no combate à corrupção e que isso deve ser uma prioridade. Ressaltou a necessidade de usar parte dos recursos para investimentos na estrutura funcional da instituição, especialmente no setor de inteligência, na compra de equipamentos e em programa interno de valorização dos servidores. Também defendeu o pagamento integral dos vencimentos para as famílias de policiais mortos em serviço – o que foi modificado pela reforma da Previdência.
Ao final, o Presidente da ADPF entregou à Senadora, e candidata à Presidência da República, a Carta de Intenções da ADPF, no intuito de contribuir com a próxima Presidência, nos quatros anos de governo.
Veja a íntegra no canal do YouTube da ADPF Nacional: https://bit.ly/3edkQMh