Conflito em Roraima deixa dez índios feridos
O índio Glênio Barbosa foi atingido com um tiro na altura do ouvido.
O conflito fez com que o ministro da Justiça, Tarso Genro, determinasse ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que vá hoje a Roraima. Tarso classificou a ação dos fazendeiros de “terrorista e ilegal”.
– A orientação (à PF) é agir com cautela, assim como quando houve resistência paramilitar dos fazendeiros. A situação não é grave porque está limitada a pouca gente.
Feridos com maior gravidade, os índios macuxis João Ribeiro, Kleber da Silva e Glênio Barbosa foram removidos para Boa Vista, em avião fretado pela Funasa. Outros sete feridos foram levados de carro para o hospital de Pacaraima. Segundo o Conselho Indígena de Roraima (CIR), os índios foram baleados por espingardas calibre 16.
Agentes da PF, que policiam a comunidade Surumu junto com soldados da Força Nacional de Segurança, socorreram as vítimas. Coordenadores do CIR disseram que o estado de saúde de Glênio é o mais grave. Ele tem 22 anos e é da etnia ingaricó.
Segundo o CIR, um grupo com cem indígenas iniciou a ocupação. Eles chegaram às 5h e construíram quatro barracos, com o objetivo de pressionar o arrozeiro a deixar a reserva. Quartiero diz que não estava, mas recebeu relato de funcionários sobre a invasão da propriedade por índios armados com bordunas, arcos e flechas, e ao lado de servidores da Funai.
– Quando os empregados tentaram retirá-los, eles atiraram flechas. Então houve reação e feridos- afirmou Quartiero.
Em Brasília, o governador de Roraima, Anchieta Junior (PSDB), defendeu Quartiero e acusou os índios de forjarem o confronto para influir no julgamento sobre a reserva. Ele disse que os índios envolvidos no conflito integram “facção minoritária” e tomaram atitude “leviana e irresponsável”:
– Foi uma provocação para tumultuar o processo. Estão vendo que vai haver mudança na demarcação e querem tumultuar. Os fazendeiros não têm motivo para tomar uma atitude dessa (de confronto).
Em Brasília, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu a entender que considera exagerado o tamanho do território demarcado para os índios na reserva Raposa Serra do Sol. O STF deverá decidir a questão em julgamento ainda neste semestre.
– Se exacerbarmos a ocupação pretérita, vamos ter que entregar aos indígenas a minha cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Todo o Brasil foi ocupado pelos indígenas até os portugueses aqui aportarem. A ocupação pretérita não deve ser potencializada. Temos que conciliar valores que envolvem a proteção do território nacional – disse o ministro, que defende a realização de inspeções no local antes do julgamento do Supremo.
Marco Aurélio despediu-se ontem da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depois de dois anos à frente do cargo. Ele ressaltou que, em sua gestão, a Corte empenhou-se em punir com rigor políticos acusados de corrupção.