Contra “Cansei”, CUT lança campanha “Cansamos”
Ontem, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, disparou e-mail para várias centrais sindicais propondo a realização da campanha “Cansamos!”. É uma reação direta ao “Cansei”.
O “Cansei” se diz apolítico, mas seus idealizadores são identificados com o PSDB. Já a CUT é a mais tradicional central sindical petista. O “Cansamos!” também pretende ser apartidário, mas usará claramente o mote dos adversários. “A campanha será veiculada em nossas páginas de internet, em jornais impressos e programas de rádio de que dispomos”, diz Artur Henrique no e-mail.
O “Cansei” está na pauta da reunião de hoje da Executiva Nacional do PT. “Temos que ter tranqüilidade, não aceitar esse tipo de provocação e nem alavancar esse movimento cujo patrono deve ser a Haddock Lobo ou a Oscar Freire”, diz Ricardo Berzoini, presidente do PT, referindo-se a ruas de bairro nobre da capital paulista.
Luiz Flávio Borges DUrso, presidente da OAB-SP, que oficialmente lidera o “Cansei”, disse não crer num movimento contrário da CUT. “Não vejo quem não se oponha à corrupção, bala perdida, imposto alto, criança na rua. Só se for a favor de tudo isso. Como não acredito nessa hipótese, eles vêm engrossar a fileira, comungar dos nossos ideais a favor do Brasil.”
Não há consenso entre as centrais contatadas pela CUT a respeito de levar a estratégia adiante. A Folha recebeu cópia do e-mail de um sindicalista contrário à proposta. Os reticentes acreditam que o “Cansamos!” pode dar fôlego ao “Cansei”–que, na avaliação de algumas entidades, não terá força para continuar, pois suas bases na sociedade seriam difusas e desorganizadas.
No e-mail do presidente da CUT, o texto começa com “CANSAMOS!” em letras maiúsculas, seguido de complementos como: “do trabalho escravo”, “da sonegação de impostos”, “da mídia que não aborda os movimentos sociais” e “da mídia que criminaliza as lutas populares”. Ao final, uma conclusão: “Apesar de tantas razões, não temos tempo para sentir cansaço. Continuaremos lutando. Precisamos de sua participação. Filie-se ao seu sindicato!”. Artur Henrique espera a adesão de outras centrais para saber “se a campanha vai mesmo para a rua”.