Coronel do Exército ajudou arrozeiros
A PF também identificou dois pistoleiros do Pará que participaram diretamente da ação, ocorrida no último dia 5, que feriu nove índios.
A polícia suspeita que o coronel da reserva Gélio Augusto Fregapani e que outros dois militares (que não foram identificados) atuaram na logística de resistência dos arrozeiros, evidenciada pela tática de guerrilha usada no episódio.
Segundo policiais, as 149 bombas encontradas na Fazenda Depósito, propriedade de Quartiero, foram produzidas com o auxílio de militares.
Há a suspeita de que Gélio Fregapani preste serviço “técnico” à Associação dos Rizicultores de Roraima. O coronel é ex-funcionário concursado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Em 2005, ele produziu para a Abin relatório em que ataca a demarcação contínua. “É evidente o interesse estrangeiro na demarcação contínua”, escreveu Fregapani.
“Temos indícios [da participação dos militares], estamos atrás de provas que confirmem a ajuda deles na guerrilha de Quartiero”, disse à Folha o delegado Fernando Segóvia, responsável pela Operação Upatakon 3, iniciada em março para retirar não-índios da reserva.
O STF suspendeu a operação e deve julgar o mérito das ações até meados de junho.
O relatório assinado por Fregapani, conta Segóvia, reforça a suspeita de sua ligação com arrozeiros. Já os pistoleiros contratados por Quartiero tiveram participação direta no ataque, diz a PF. Eles estão foragidos. A PF mantém sigilo sobre nomes e local onde atuavam.
Quartiero nega que os arrozeiros da reserva receberam ajuda de militares e a contratação de pistoleiros do Pará. “Isso é folclore, é ilação.” Porém, se disse amigo de Fregapani.
A reportagem ligou para celular e casa de Fregapani, em Brasília, mas não conseguiu localizá-lo. Procurada, a Abin não quis se manifestar. À Folha o Exército disse não haver “envolvimento de militares”.