Corrupção Persistente no Brasil

9 de setembro de 2011 14:13
A diplomacia americana considera que a corrupção durante o governo de Lula era "generalizada e persistente" e atingia todos os três poderes. A avaliação foi revelada em uma carta enviada há um ano e meio pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, ao procurador-geral americano, Eric Holder. Na carta, que servia como uma preparação para a visita de Holder ao Brasil, Shannon traçou ainda um raios X da Justiça brasileira, acusando-a de "despreparada" e "disfuncional".
O documento foi revelado pelo site WikiLeaks. Essa não é a primeira revelação sobre os comentários da diplomacia americana sobre a corrupção no Brasil. Documentos de 2004 e 2005 revelaram a mesma preocupação e mesmo o risco de os escândalos do mensalão imobilizarem o governo. Mesmo no último ano do governo Lula, a percepção americana não havia mudado sobre a presença da corrupção na administração. Segundo Shannon, as forças de ordem também seriam prejudicadas por "falta de treinamento, rivalidades burocráticas, corrupção em algumas agências e uma força policial pequena para cobrir o País". 
Outra constatação da diplomacia americana foi sobre os problemas enfrentados pela Justiça no Brasil. "O sistema judiciário brasileiro é frequentemente descrito como sendo disfuncional, permeado por jurisdições que se acumulam, falta de treinamento, burocracia e atrasos", escreveu o embaixador.

COOPERAÇÃO
 

A preocupação não se limita a comentários distantes sobre a situação no Brasil. Shannon deixa claro que são os interesses americanos que podem sair prejudicados. "Com seu crescente papel econômico e diplomático, os interesses americanos em termos de Justiça no Brasil também aumentam, já que o incremento do comércio, viagens, comunicação e finanças no Brasil também trazem oportunidades de exploração criminosa." 
O diplomata aponta que a cooperação na área de Justiça com o Brasil é considerada no governo Obama como uma das prioridades para permitir que os Estados Unidos "atinjam seus objetivos na América do Sul". Para isso, sugere programas para o treinamento de juízes e policiais para lidar com o crime organizado.