CPI do Carnaval ouve acusados de pagar propina a jurados

16 de outubro de 2007 09:59

A CPI do Carnaval foi criada depois que a Polícia Federal gravou ligações telefônicas, durante as investigações da Operação Hurricane (Furacão, em inglês), que indicariam o pagamento de propinas a jurados no desfile de carnaval deste ano do Grupo Especial. Segundo a PF, Aniz Abrahão David teria usado até mesmo um pistoleiro para pressionar jurados. O sobrinho do Capitão Guimarães, Júlio César Guimarães Sobreira, que também foi preso, era responsável pela escolha dos jurados nos desfiles das escolas de samba.

No final de junho, nove jurados prestaram depoimento à CPI e três deles confirmaram que tiveram contatos telefônicos sobre a sua participação no corpo de jurados, ou contato pessoal na reunião de todos os jurados às vésperas do carnaval, com Jacqueline da Conceição Silva, secretária de Julio Cesar Guimarães Sobreira. Os nove jurados, no entanto, negaram que tenha havidos pressões ou coerção na votação.

Jurados levam resultados do desfile para casa
Em agosto foram ouvidos 13 jurados. Os integrantes da CPI estranharam o fato de, após o primeiro dia de desfiles, os jurados levarem os resultados para a casa. Na opinião dos deputados, nada impede que os julgadores tenham trocado informações entre si antes do fim do desfile. Os jurados ouvidos, um de cada quesito do carnaval, foram: Cris Moura, Julinho Teixeira, Luiz Carlos Reis, Rafael David, Rafaela Riveiro Ribeiro, Daisy Guimarães, Gustavo Pazos Quintans, Luiz Antônio Araújo, Flávio Freire Xavier, Salete Lisboa, Irene Orazen, Beatriz Badejo e Alice Serrano.

Os membros da CPI também se surpreenderam com o depoimento da jurada Cris Moura, que admitiu ter sido convidada a julgar o desfile após prestar serviços, como arquiteta, ao diretor técnico da Liga, Júlio Cesar Guimarães Sobreira, que foi preso durante a Operação Hurricane (Furacão, em inglês) e conseguiu habeas corpus também no início de agosto.

No dia 17 de setembro, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar para o pedido de habeas corpus em favor de Laurentino Freire dos Santos, investigado pela Polícia Federal na Operação Hurricane, e que estava foragido da Justiça. A decisão beneficiou outros 14 acusados, que foram presos na Hurricane: Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; Aniz Abrahão David, o Anísio; Antonio Petrus Kalil, o Turcão; José Renato Granado Ferreira; Júlio César Guimarães Sobreira; Paulo Roberto Ferreira Lino; Marcelo Kalil Petrus; Nagib Teixeira Suaid, João Oliveira De Farias, Luciano Andrade Do Nascimento, Belmiro Martins Ferreira, Marcos Antonio Dos Santos Bretas, Licínio Soares Bastos e Marcos Antonio Machado Romeiro.