CPI do Grampo

20 de dezembro de 2007 10:38

Instalada ontem na Câmara, a CPI do Grampo terá entre os 24 titulares a deputada Marina Magessi (PPS-RJ), alvo de escutas legais da Polícia Federal, que recorreu à interceptação para apurar seu possível envolvimento com os chefões do jogo do bicho fluminense. Denunciada pela PF na Operação Furacão, Marina, inspetora licenciada da Polícia Civil do Rio, nega ter recebido qualquer contribuição de bicheiros. Seu nome, no entanto, foi incluído na denúncia. Agentes federais gravaram conversas em que um policial civil diz falar em nome de Marina e acerta contribuições não declaradas para sua campanha. Em outro grampo, a própria parlamentar sugere a um inspetor próximo ao ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins dar um monte de tiros nos cornos do delegado carioca Alexandre Neto.

Também participará da comissão parlamentar de inquérito, mas como suplente, outro parlamentar investigado pela Polícia Federal na Operação Furacão. É Simão Sessim (PP-RJ), primo do bicheiro Aniz Abraão Davi. Sessim é investigado por suspeita de trabalhar em favor de projetos de legalização de bingos a pedido de bicheiros do Rio. O deputado nega a acusação – garante que defende os bingos por convicção pessoal.

Eleito ontem presidente da CPI do Grampo, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que foi superintendente da Polícia Federal do Rio e secretário de Segurança do Estado, disse que a escolha de Marina foi decisão do PPS. Ele não comentou a indicação da deputada, que não compareceu à sessão de ontem.

Monstro
O ponto de partida da investigação dos deputados será a suspeita de que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram grampeados, mas Itagiba disse que a CPI terá um trabalho mais amplo, para desmistificar esse monstro (as escutas telefônicas). Temos de saber quantos mil grampos legais existem no País, quem os autoriza e por quê. E vamos saber se quem autoriza também fiscaliza, afirmou Itagiba.

O deputado disse que também serão investigados os vazamentos das escutas autorizadas pela Justiça e os grampos ilegais. Segundo o parlamentar, a CPI vai apurar se há excesso de autorizações para interceptações telefônicas por parte da Justiça e propor a melhor legislação para utilizar o grampo de forma correta. O deputado disse ser contra a utilização do grampo como ponto de partida da investigação.

Itagiba designou o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) para relator da CPI. O País tem sido assolado com denúncias de grampos ilegais e de possibilidade de abuso nos grampos legais. Vamos apurar as condutas abusivas e ilegais, disse o petista.