CPI investigará roubos no acidente da Gol

7 de agosto de 2007 09:16

“É uma denúncia gravíssima que merece ser analisada pelas autoridades envolvidas e pela CPI. Me parece conveniente que a comissão estabeleça procedimento para investigar o assunto”, disse ontem o relator do colegiado, deputado Marco Maia (PT-RS).

Reportagem de “O Estado de S. Paulo” publicada domingo dá conta de que criminosos têm usado documentos e celulares de mortos da tragédia em golpes. Em um do casos relatados, os documentos de Maria da Graça Rincklie, passageira do avião, foram usados para um empréstimo na compra de um carro, avaliado em R$ 20,4 mil, em Brasília.

O marido de Maria da Graça, o advogado Maurício Saraiva, revelou também que o celular da esposa foi usado por bandidos no subúrbio do Rio. Dez dias depois do acidente, quando o corpo da vítima nem tinha sido identificado, o marido recebeu uma ligação do celular da passageira.

A Aeronáutica informou que a Força Aérea esteve no local em busca de corpos. E que dois procedimentos foram tomados em relação aos bens. Os que estavam próximos aos corpos (como relógios e documentos) eram enviados ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília. Os maiores (como malas e bolsas) foram repassados à Gol. Além dos oficiais, teriam tido acesso ao local peritos da Polícia Civil, bombeiros e policiais militares da região do acidente, militares do Exército e especialistas do IML.

“Vou enviar ofícios pedindo explicações para o IML, para a Gol e para a Aeronáutica. É o primeiro passo. Depois, vamos convocar pessoas para depor. Isso não pode ficar sem resposta”, diz o relator Marco Maia.

No Senado, a CPI do Apagão Aéreo vai investigar denúncias contra Denise Abreu, uma das diretoras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, acusou Denise de tentar fazer com que a Anac patrocine a transferência do setor de cargas dos aeroportos de Congonhas (SP) e Viracopos, em Campinas (SP), para o aeroporto de Ribeirão Preto (SP). O setor de cargas é administrado pelo empresário Carlos Ernesto Camargo, dono da Terminais Aduaneiros do Brasil (Tead). Segundo o oficial, Camargo e Denise são amigos. A transferência faria com que a Tead viesse a lidar com um mercado de R$ 400 milhões.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, quer convocar Denise. “Vou analisar tudo e pretendo pedir o auxílio da Polícia Federal, do Ministério Público) e do Tribunal de Contas da União para investigar o caso”, disse.