Cristina assume e promete luta contra a pobreza

11 de dezembro de 2007 12:45

Cristina Fernández de Kirchner tomou posse ontem como a nova presidente da Argentina. Ela recebeu a faixa e o bastão presidencial das mãos do marido, Néstor Kirchner.
No discurso de posse, Cristina disse que continuará a luta contra a pobreza, pois a vitória definitiva ocorrerá quando não existir mais nehum pobre nessa pátria. Ela prometeu proteger a independência da Justiça e defendeu o fortalecimento das instituições democráticas.
Além disso, argumentou em favor da continuidade do modelo econômico aplicado pelo governo de seu marido e criticou as mudanças constantes que marcaram a política econômica argentina ao longo das últimas seis décadas.
Após fazer vários elogios a Kirchner, Cristina afirmou que é crucial o modelo econômico com inclusão social… um modelo que permitiu que milhões de argentinos recuperassem a esperança.
Cristina também celebrou a revogação das Leis do Perdão aos integrantes da ditadura (1976-1986), aprovada durante o governo do marido. Com isso, contribuímos para o sistema democrático, afirmou.
A nova presidente argentina disse esperar que nos quatro anos de seu mandato sejam concluídos os julgamentos dos ex-torturadores, responsáveis pelo assassinato de mais de 30 mil pessoas. Atualmente, há mais de 200 processos da guerra suja em andamento.
Devemos isso às vítimas, às Avós e Mães da Praça de Maio e também às Forças Armadas. Para que em 2010, quando celebraremos o bicentenário (os 200 anos do início do processo de independência), possamos separar o joio do trigo e, assim, todos os argentinos poderemos nos olhar olho no olho, novamente, afirmou.
Cristina saudou especialmente o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que estava presente no plenário da Câmara de Deputados assistindo à posse, assim como delegações de 160 países.
Pouco antes de entregar a faixa e o bastão presidencial, Kirchner olhou para o alto, com ar de quem já estava sentindo saudade do cargo. Mas analistas sustentam que Kirchner influenciará na presidência de Cristina.Usando um vestido de renda creme, Cristina cometeu um ato falho ao referir-se a ela e ao marido: ele é presidente, eu sou presidente….
Em seus últimos segundos como presidente, Kirchner foi repreendido por sua mulher. Kirchner preparava-se para colocar a faixa em Cristina quando ela disse em tom áspero: Temos de assinar, temos de assinar!
Ela se referia à ata do Parlamento que deveria ser firmada antes da colocação da faixa presidencial.
Kirchner sorriu e disse suas últimas palavras no poder: Nunca pude aprender esse protocolo!
Cristina usou seu discurso de posse para culpar publicamente o Uruguai pelo conflito entre os dois países por causa de uma fábrica de celulose. Ela tentou ser amável no início ao agradecer a presença do presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez.
Mas depois preferiu ser sincera. Quero dizer com toda sinceridade que não vai ter dessa presidente um só gesto que aprofunde as diferenças que temos. Mas com a mesma sinceridade, quero dizer que a situação que vivemos não é culpa nossa, pois a critério da Argentina o Uruguai violou o Tratado do Rio Uruguai ao autorizar a instalação da fábrica sem nosso consentimento.

Comparações
Cristina Kirchner é a primeira mulher eleita nas urnas para o cargo de presidente na Argentina. Antes dela, somente outra mulher, María Estela Martínez de Perón – mais conhecida como Isabelita -, havia ocupado a presidência argentina (entre 1974 e 1976). No entanto, Isabelita, que era vice-presidente, assumiu a presidência após a morte do marido, Juan Domingo Perón.
Cristina não gosta de comparações com Isabelita, pois seu governo foi caótico e ela acabou deposta por um golpe militar.
Cristina contará com amplo controle da Câmara de Deputados e do Senado Federal. Além disso, terá o apoio de mais da metade dos prefeitos e de 19 dos 24 governadores.