Cubanos recusam refúgio e voltam

6 de agosto de 2007 09:13

Localizados na última quinta-feira em Araruama, na Região dos Lagos fluminense, eles embarcaram para Havana num vôo fretado pelo governo cubano. O jato executivo decolou do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na zona norte do Rio, por volta das 21 horas.

Segundo o delegado Felício Laterça, da delegacia da Polícia Federal em Niterói (Grande Rio), os atletas estavam bem-humorados e não demonstravam temer punições na volta à ilha. Apesar de ter acusado os pugilistas de traição, o presidente de Cuba, Fidel Castro, prometeu ontem que eles não serão presos.

Eles estavam ótimos emocionalmente. Pareciam exultantes e felizes com a viagem de volta, contou o delegado. Eles sabem que são grandes atletas. Um deles me disse: Há 11 milhões de cubanos à minha espera em Havana.

Rigondeaux é bicampeão olímpico (Sydney/2000 e Atenas/2004) na categoria até 54 quilos. Lara é campeão mundial da categoria até 69 quilos.

O delegado disse ter informado os atletas de que tinham o direito de formalizar um pedido de refúgio ao Brasil e aguardar no País a tramitação e o julgamento, que é feito por um órgão independente das Nações Unidas. Mas os dois pugilistas prefiram voltar a Cuba. Insisti com eles, conversamos muito. Mas não quiseram fazer o pedido de refúgio, disse Laterça.

Entre quinta-feira e sábado, Lara e Rigondeaux foram mantidos num hotel em Niterói, em liberdade vigiada. Laterça explicou que os atletas foram detidos por policiais militares e encaminhados para a Polícia Federal por serem estrangeiros sem documentação em território brasileiro.

Os passaportes deles haviam ficado com os líderes da delegação cubana, na Vila Pan-Americana, de onde saíram no dia 21 de julho. Para que pudessem embarcar no avião enviado pelo governo de Cuba para repatriá-los, os documentos foram levados ao Rio pela consulesa cubana em São Paulo, informou o delegado.

EMPRESÁRIOS INVESTIGADOS

A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a atuação dos supostos empresários que tentaram convencer os atletas a desertar para atuarem como profissionais na Europa.

Segundo o delegado Laterça, a PF já sabe que o alemão e o cubano naturalizado alemão que teriam assediado os pugilistas deixaram o Brasil.

O delegado disse acreditar na versão dos cubanos, de que foram convencidos pelos dois homens a ir a um bar em Copacabana, onde teriam sido dopados com substâncias misturadas nas bebidas alcoólicas que ingeriram.

Dessa forma, os alemães teriam conseguido que eles assinassem um contrato em alemão sem compreender o conteúdo. Acho que eles são vítimas, declarou Laterça.